4 mil estudantes estão há cinco meses sem Passe Livre na Região Metropolitana de Porto Alegre

Foto: Alex Rocha / Palácio Piratini/Divulgação



 Estudantes universitários que residem em cidades da Região Metropolitana, estudam em outros municípios, e necessitam do Passe Livre Estudantil estão há cinco meses sem receber o benefício.



A crise administrativa que afeta a União Estadual dos Estudantes (UEE), entidade responsável por encaminhar o passe livre junto à Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), fez com que aproximadamente 4 mil processos ficassem parados.



A isenção no pagamento da passagem metropolitana é concedida a estudantes com renda per capita de 1,5 salário mínimo. Apenas duas instituições estão autorizadas pela Metroplan a encaminhar o benefício: a União Gaúcha dos Estudantes (UGES), para secundaristas, e a UEE, para alunos matriculados em instituições de Ensino Superior.



Conforme a Metroplan, o escândalo administrativo na UEE, no final de março, fez com a que a entidade passasse por diversas mudanças que influenciaram o serviço. Por exemplo, ocorreu a mudança de sede e a diminuição do quadro de funcionários.



 Em março, uma denúncia sobre um esquema de desvios de dinheiro terminou com o afastamento do então presidente Fabio Kussera da UEE e da secretaria geral Ana Lucia da Silva Velho.


Uma investigação apura a estimativa de mais de R$ 100 mil desviados pela gestão. Estes problemas fizeram com que os cadastros dos estudantes não fossem digitalizados e enviados para análise da fundação, o que impossibilitou a emissão dos cartões.


 – Não temos nenhum cadastro pendente de análise na Metroplan. Então estamos só dependendo da entidade estudantil conseguir colocar em dia os cadastros que estão pendentes – afirmou Hélio Schreinert Filho, coordenador do programa Passe Livre Estudantil.


 Enquanto isso, o atraso na concessão do passe livre gera reflexos na vida dos universitários, que passam a desembolsar grandes quantias em dinheiro para custear os gastos com a passagem intermunicipal. Para o estudante do curso de Química Industrial na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Douglas Soares, de 25 anos, o não recebimento do passe livre significou parar de estudar.



Desempregado, ele teve que desistir do semestre por não ter condições de pagar diariamente cerca de R$ 23 para se deslocar entre o município de Guaíba e a universidade localizada em Canoas. Soares utiliza um ônibus intermunicipal para ir até o Trensurb e outro ônibus para fazer a integração entre o trem e a unidade de ensino.


O mesmo itinerário é feito no retorno para casa. – Encaminhei no mês de fevereiro. Sei que, depois de 20 dias úteis, era para entrar no site da Metroplan, e ver a situação do meu passe. Aí constava pendente. Aí fui ver o que era, disseram que eu não havia entregado o atestado de Matrícula.


Mentira! Então levei de novo e esperei mais uma semana como me foi informado. Dali em diante só me enrolaram, não me deram nenhuma informação, e aí veio todo aquele problema de fraude. E eu abandonei o semestre da faculdade – lamentou.


A UEE está informando por meio de sua página no Facebook os nomes dos estudantes que tiveram o benefício concedido o renovado. O atendimento para solicitação do Passe Livre Estudantil ocorre na Avenida Mauá, 837.


A UEE afirma que os atrasos foram causados por uma desconfiança dos órgãos públicos com a entidade devido aos problemas de gestão, o que fez com que ficassem quase dois meses sem acesso ao cadastro do Passe Livre Estudantil.


De acordo com o vice-presidente da instituição, Alvaro Lottermann, a UEE já retomou o envio dos cadastros para análise e pretende zerar a demanda reprimida ainda no mês de setembro.



 – Nós temos hoje três salas em que estamos operando com uma equipe razoável, com alguns voluntários e estagiários. Estamos dando conta de uma forma melhor desse cadastro atrasado. Cinquenta por cento da demanda reprimida foi solucionada. Em setembro, devemos pôr em dia – explicou em entrevista à rádio CBN Porto Alegre.



 O vice-presidente da UEE também destaca que a demanda que está atrasada não afetará a renovação dos benefícios que foram concedidos no primeiro semestre e a emissão de novos cartões.



 – Eu estou com a minha equipe praticamente parada na Metroplan esperando os cadastros. Assim que eles chegam, são analisados e devolvidos – ressaltou Schreinert Filho.


 A Metroplan estuda uma forma de disponibilizar aos estudantes um acesso mais direto à solicitação do benefício, mas, segundo Schreinert Filho, o processo ¿ainda vai demorar um tempo¿.

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