Novo Joá será aberto ao tráfego no sábado



RIO - Após dois anos de obras, o novo e o velho Elevado do Joá repousam, lado a lado, espremidos entre a encosta e o mar. A inauguração da nova ligação viária, marcada para o próximo sábado, promete desafogar o trânsito entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca, ampliando em 35% a capacidade de tráfego na via, que hoje é de cem mil veículos por dia. Os ciclistas, no entanto, ainda terão que esperar mais um pouco. A ciclovia de 3,1 km de extensão, construída sobre o elevado já existente, só será aberta ao público após a divulgação do relatório da perícia independente contratada pela prefeitura para investigar o desabamento, no mês passado, do trecho da pista da Avenida Niemeyer.

— Não foi preciso fazer nenhum reforço (na ciclovia do Joá). Toda a obra foi feita com a norma técnica vigente e com total segurança — garante o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto.

Pelo que consta no contrato firmado pelo município com a construtora Odebrecht, a via teria que ser aberta ao trânsito até o fim de março. Assim como a Linha 4 e os corredores de BRTs, a duplicação do viaduto faz parte do plano de mobilidade urbana para os Jogos Olímpicos. O custo da obra foi de R$ 458 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

RETOQUES FINAIS

Para construir o Novo Joá, foram abertos um viaduto, dois túneis (o de São Conrado e o do Joá), um elevado e uma ponte, além dos acessos, totalizando um trajeto de cinco quilômetros de extensão. Os horários de funcionamento e o planejamento operacional da nova ligação serão divulgados somente amanhã, segundo a secretaria municipal de Transportes. A princípio, as duas faixas do novo elevado vão operar no sentido Barra, sem necessidade de reversível.

Ontem, Agentes da prefeitura percorreram o novo viaduto. Além da limpeza e dos testes de iluminação, ainda faltam terminar as pinturas no chão e nas paredes dos túneis, instalar as sinalizações de trânsito e plantar o gramado perto das encostas.

Diferentemente da estrutura atual, o novo elevado terá três áreas de acostamento, em caso de emergências. Cada recuo tem 32 metros de comprimento e quase oito de largura. Chega a ser cinco metros mais alto do que o “irmão” mais velho, permitindo que os motoristas continuem a apreciar uma das mais belas vistas da cidade durante a maior parte do trajeto.

Durante os Jogos, a faixa da direita do novo elevado será usada pela família olímpica. No antigo viaduto, será usada a faixa reversível na parte superior, pois, embaixo, no sentido Zona Sul, uma faixa também será exclusiva para a passagem das delegações e dos carros credenciados para os Jogos.

UMA HISTÓRIA CHEIA DE PERCALÇOS

Uma das principais ligações entre a Barra e a Zona Sul, o Elevado do Joá foi construído em 1968 e aberto parcialmente em 1971. Só começou a operar plenamente três anos depois. Serpenteando a encosta junto ao mar, o viaduto passou a apresentar problemas estruturais alguns anos após sua inauguração. Engenheiros relataram danos por corrosão nas suas estruturas. Intervenções pontuais chegaram a ser realizadas para saná-los, mas não foram suficientes. Em 1984, a situação do viaduto já era tão grave que chegou a ser interditado parcialmente. De acordo com especialistas, houve falhas na construção e falta de manutenção, que, agravadas pelo excesso de salinidade, aceleraram o processo de corrosão.

Em 1988, especialistas da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe/UFRJ) identificaram pela corrosões em partes do elevado pela primeira vez. Na época, a recuperação levou três anos. Em 2012, um outro estudo, encomendado à Coppe pela prefeitura, identificou que a estrutura em concreto armado que sustenta os 1.100 metros (em cada sentido) do Elevado do Joá estava comprometida. Segundo o relatório, a situação era tão grave que havia a possibilidade de colapso. Apesar da recomendação da Coppe de reconstruir o Elevado do Joá como a solução definitiva para os graves problemas da via, a prefeitura descartou a demolição da via. Optou por obras emergenciais. Para diminuir os riscos, o tráfego de caminhões foi suspenso e o limite de velocidade, reduzido de 80 para 60 quilômetros por hora. Só após a conclusão desses serviços é que a prefeitura iniciou as obras de duplicação do Joá.

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