Prefeitura de Niterói dará novo prazo para climatização da frota de ônibus
Durante viagem, motorista seca o suor do rosto: cena se multiplica com a proximidade do verão nos ônibus que circulam sem ar-condicionado na cidade -Angelo Antônio Duarte
NITERÓI — O prefeito reeleito de Niterói, Rodrigo Neves, anunciou que vai se reunir com os empresários de ônibus na próxima semana para estipular novo prazo para o cumprimento da meta de climatizar 90% da frota da cidade. O limite anterior vence no fim do ano, mas os representantes dos consórcios já haviam admitido ao GLOBO-Niterói em maio que ele não será cumprido. O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários (Setrerj) alega dificuldades por conta da crise econômica, o que também atrasará a implantação de um portal da transparência com informações sobre itinerários, horários das viagens, características da frota, gratuidades e outros dados operacionais. A entidade havia prometido a plataforma para este ano, mas os consórcios afirmam que tiveram que contornar uma série de dificuldades no desenvolvimento do portal. Por isso, afirmam que precisarão de, pelo menos, mais seis meses para colocá-lo no ar.
A meta de climatizar 90% dos 804 veículos que operam nas linhas municipais foi imposta por um decreto do prefeito Rodrigo Neves que, em janeiro de 2015, reajustou a tarifa para R$ 3,30. Atualmente, 63% dos ônibus da cidade contam com ar-condicionado. Em janeiro deste ano, o valor das passagens sofreu novo aumento, para R$ 3,70, mas o Setrerj acusa a mudança das regras “sem as devidas compensações tarifárias”. O prefeito diz que vai convocar as empresas para negociar.
— Nesse primeiro momento vamos fazer pelo diálogo. Claro que as empresas e a economia de uma maneira geral vivem uma crise. Mas é importante ressaltar que eles avançaram. Niterói tem a maior proporção de frota climatizada na Região Metropolitana. Ainda assim, nós queremos que a meta seja cumprida. Talvez seja necessário um pouco mais de tempo, mas não abrimos mão de chegar a essa proporção (de 90%), que seria a maior do Brasil — defende o prefeito.
Para quem enfrenta o calor nos ônibus diariamente, a existência de uma meta para a climatização da frota surpreende. No entanto, a decepção vem logo em seguida com a informação de que ela está longe de ser alcançada.
— Não sabia que as empresas deveriam cumprir um prazo para colocar ar-condicionado nos ônibus, o que é muito bom. Mas de quê adianta regra se ela não é cumprida? — reclama a aposentada Maria do Carmo Freitas.
70% DA FROTA CLIMATIZADA EM 2016
O rodoviário Luiz Gonzaga Rocha Júnior, motorista na linha 41 (Venda da Cruz-Centro), conta que as dificuldades são ainda maiores para quem trabalha ao volante.
— Nós ficamos horas sentados ao lado do motor, o local mais quente do ônibus. Tenho que ter várias camisas, porque é uma por dia — calcula.
O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Passageiros de Niterói e Arraial do Cabo (Sintronac) diz que tem feito contatos com a prefeitura e com o governo do estado cobrando a imediata adoção, por parte das empresas, de medidas que incluem a instalação de ar-condicionado em toda a frota, a mudança do motor para a parte traseira do veículo e a substituição dos atuais coletivos por carros com câmbio automático.
— Obtivemos uma resposta positiva do estado, que, inclusive, agregou nossas propostas ao estudo do edital de licitação para as linhas intermunicipais. Dos municípios, no entanto, não houve respostas — diz Rubens dos Santos Oliveira, presidente do sindicato.
A prefeitura afirma que, apesar da flexibilização da meta, espera ter 70% da frota climatizada ainda este ano. Já o Setrerj diz que os consórcios TransOceânico e TransNit procuraram a prefeitura várias vezes explicando as dificuldades econômico-financeiras das empresas, a partir das várias mudanças feitas unilateralmente pelo município. As empresas dizem ainda que não querem judicializar a questão e que farão todos os esforços para alcançar a meta o quanto antes.
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