RJ-100 agoniza sem manutenção do estado
Trecho da RJ-100, na altura do Rio do Ouro: motoristas são obrigados a desviar de diversos buracos na pista - Hermes de Paula
NITERÓI — Na divisa entre Niterói e São Gonçalo, o abandono é a marca da RJ-100, importante ligação da Região Metropolitana com a Região dos Lagos. Com o projeto de recuperação parado há mais de dois anos e sem manutenção constante, a pista apresenta buracos e ondulações. Motoristas e moradores das imediações relatam constantes acidentes e o risco para quem trafega na via.
Gerida pelo estado, a estrada chegou a ter obras iniciadas para sua completa recuperação. A conclusão do projeto foi uma das promessas de campanha do governador Luiz Fernando Pezão para a região, mas as obras foram paralisadas logo após a eleição, em novembro de 2014, na altura do Rio do Ouro. Quem passa todo dia pelo local sofre as consequências do mau estado de conservação das pistas. É o caso do motorista de ônibus Leonardo Robert, que trabalha há três anos em linhas que passam pela RJ-100. Com problemas de coluna por conta do trepidar, ele usa colete para atenuar as dores.
— Estou com a coluna prejudicada pelos buracos. A estrada está muito ruim. Quando fica na divisa entre dois municípios infelizmente é assim. De vez em quando estoura um bueiro. Muitas vezes uma cratera surge do nada, de uma hora para outra. É bem perigoso — afirma Robert.
Ainda segundo ele, a situação é pior para quem trafega na RJ-100 em carros de passeio e motocicletas.
— Um buraco que o ônibus supera, estraga um carro ou provoca uma queda de moto — completa o motorista.
Donos de uma oficina de bicicletas e moradores do Rio do Ouro há 62 anos, os irmãos Antônio e Maria de Fátima Vilas-Boas de Miranda também reclamam da estrada. Além dos problemas de conservação, que trazem muitos clientes para sua loja, eles citam a falta de fiscalização, que torna a via mais perigosa.
— A estrada volta e meia fica muito esburacada. Está perigosa, há o risco constante de um motorista bater ou atropelar alguém. A manutenção era melhor antes, quando ficava com a prefeitura, do que hoje, com o estado — diz Antônio.
Trabalhando no centro do Rio do Ouro, Maria de Fátima reclama da falta de pardais no local, que tem colégios no entorno.
— Ninguém respeita esse sinal. Os motoristas avançam sempre e em alta velocidade. Já houve vários acidentes por conta disso, e a gente tem medo de uma tragédia porque crianças circulam aqui o dia todo — reclama a comerciante.
Responsável pelas obras e pelo trabalho de manutenção na RJ-100, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) admite que não há previsão para que as obras sejam retomadas. Por meio de nota, afirmou que vai enviar uma equipe ao local para avaliar as condições do trecho citado e realizar os reparos necessários. “Diante da grave crise financeira que afeta especialmente o Estado do Rio de Janeiro, não há previsão para a retomada das obras na RJ-100. A responsabilidade de fiscalizar a rodovia é do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRv)”.
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