Obra parada no Maracanã vira reduto para o ‘Aedes aegypti’
Atualizado: 21 de Jan 2017 - 18h15 Obras do Rio Joana com água parada no canal de transposição. O local se torna um possível criadouro de dengue próximo ao Maracanã, o local se encontra assim pelo menos desde o dia 17 de dezembro -Guilherme Ramalho / Jade Picadilly
RIO — O cenário é de abandono. Basta caminhar pela passarela que liga a estação do metrô ao estádio do Maracanã para ver a cratera aberta durante as obras de desvio do Rio Joana, compromisso olímpico que, passados cinco meses do término dos Jogos, ainda não ficou pronto. Com as obras paradas há meses, lixo e água se acumulam no canteiro, instalado na Praça Emílio Garrastazu Médici, trazendo riscos à saúde da população.
Ontem, a secretaria municipal de Saúde divulgou o mais recente Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRA), realizado entre os dias 1º e 7 deste mês. O Rio alcançou a menor taxa de infestação predial desde que o indicador começou a ser acompanhado, em 2009. Foram encontrados focos do inseto em 0,97% dos imóveis visitados, número abaixo do limite considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 1%.
No entanto, em algumas regiões da cidade, a situação preocupa mais. Taxas acima de 4% de infestação são consideradas de alto risco pela OMS. Das 251 regiões pesquisadas, cinco bairros da Zona Norte têm áreas que ultrapassam esse limite: Madureira e Oswaldo Cruz (4,1%), Cascadura (4,2%), Anchieta (4,2%), Vila Cruzeiro (5,3%) e Cavalcanti (5,4%).
‘EU ME REVOLTO COM ISSO’
Para o infectologista Celso Ferreira Ramos Filho, além de combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chicungunha, a prefeitura também deveria dar o exemplo fechando as crateras abertas na cidade.
— Eu me revolto com isso. Tem que tirar a água e fechar o buraco. Ninguém deve deixar um buraco aberto desse jeito. E, nesta época, é ainda pior, porque há um aumento na proliferação do mosquito — afirmou.
FALTAM 20% PARA CONCLUIR a OBRA
Junto com os reservatórios já inaugurados das praças da Bandeira, Varnhagen e Niterói, o desvio do Rio Joana faz parte da implantação do sistema de controle de enchentes da Grande Tijuca, iniciado há cinco anos, com o objetivo de minimizar os impactos causados pelas chuvas. Com o fim das obras, as águas do Rio Joana, que hoje são despejadas no Canal do Mangue, serão levadas diretamente para a Baía de Guanabara por meio de uma passagem de 3.412 metros de extensão, sendo 2.400 metros de túnel e 1.012 metros de galeria, apontado como o maior túnel de drenagem do país.
Procurada, a Fundação Rio Águas informou que as obras de desvio do Rio Joana estão “em fase de reprogramação junto à Caixa Econômica Federal para conclusão da perfuração do túnel de drenagem, já tendo passado sob a Avenida Brasil e estando atualmente na Zona Portuária”. De acordo com a fundação, faltam cerca de 20% para o término dos serviços, e a previsão de conclusão é de até 180 dias após o reinício dos trabalhos (ainda sem previsão).
Já a secretaria municipal de Saúde disse que o local recebe visitas semanais para busca e eliminação de possíveis focos do Aedes aegypti, com uso de larvicida quando necessário.
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