Secretaria Municipal de Saúde inicia mutirão de cirurgias neste sábado
27 de Jan 2017 | 15h25 -O menino Kauan Leandro Pereira da Costa e o pai, Leandro - Bárbara Lopes / Ângela Buarque
RIO — Em um dos leitos do Hospital Municipal Jesus, em Vila Isabel, Kauan Leandro Pereira da Costa, de 12 anos, reclamava: "Nunca mais acordo às 3h30m da manhã". Morador de Santa Cruz, ele precisava chegar às 6h30m na unidade médica para operar o nariz. O jovem é uma das 20 crianças atendidas ao longo deste sábado no primeiro dia do mutirão de cirugias da Secretaria Municipal de Saúde. As operações, promessa de campanha do prefeito Marcelo Crivella, começaram às 7h30m.
— Ele roncava muito e tinha problemas de respiração. Há alguns meses, a situação começou a piorar. Kauan só respirava pela boca — Leandro da Silva Costa, pai do menino, que esperava há cerca de um ano pela operação.
Segundo o secretário de Saúde, Carlos Eduardo de Mattos, o objetivo do mutirão é reduzir as filas internas de nos hospitais da rede municipal de atenção. São, principalmente, casos de fimose a de noide, amígdala e hérnia, além de problemas de nariz e ouvido, de crianças que esperam há meses — outras, como Kauan, há um ano — pela cirurgia. A previsão da Secretaria Municipal de Saúde é que neste fim de semana sejam realizados 80 procedimentos em oito hospitais da rede com as maiores demandas. Somente no Hospital Municipal Jesus, 296 crianças aguardam por uma cirurgia.
Mattos contou ainda que nesta segunda-feira, o prefeito Marcelo Crivella e o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciarão parceria para ampliação em 3.160 ofertas de exames e cirurgias, e de mais 2.300 consultas. Os procedimentos deverão ser realizados num prazo de 90 dias a partir de fevereiro.
O secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo de Mattos, com o menino Samuel Temelin - Bárbara Lopes
O secretário de Saúde explicou ainda que, pelo diagnóstico da prefeitura, a principal razão para a enorme fila de espera por cirurgias nas unidades do município é a falta de profissionais de enfermagem. Segundo ele, o prefeito autorizou o chamamento de 124 enfermeiros, além de técnicos de laboratório e de radiologia do banco de aprovados do concurso público, cujo prazo expira em outubro deste ano, que deverão normalizar o atendimento da rede. No total, serão convocadas cerca de 500 profissionais.
— Até a normalização, os mutirões continuarão sendo realizados todos os fins de semana — afirmou Mattos, que prevê que os profissionais se incorporem até abril. — Quando eles começarem a trabalhar, as cirurgias serão realizadas também durante a semana até as 21h.
Há nove meses, Samuel Tomelin, de 7 anos, esperava pela cirurgia de fimose. Agora, segundo a mãe, Tatiane Vieira da Silva, o sofrimento vai passar.
— Ele sentia muita dor. Senti um alívio quando soube que ele iria operar — disse Tatiane.
O mutirão de cirurgias faz parte da estratégia da Secretaria Municipal de Saúde para reduzir as filas de espera no Sistema de Regulação do município, o SISREG, que é de cerca de 140 mil pessoas. Atualmente, 7.669 aguardam para fazer cirurgias nas filas internas das unidades hospitalares do Rio.
O Hospital Municipal Jesus é uma unidade especializada em pediatria e sem atendimento de emergência, onde as cirurgias são normalmente realizadas apenas na rotina, de segunda a sexta-feira. Quatro salas do centro cirúrgico estão sendo usadas e há 22 profissionais envolvidos.
INVESTIMENTO NA SAÚDE
A saúde deverá receber mais investimentos e ter ampliada a sua rede na gestão de Marcelo Crivella. O setor é objeto de uma parte importante dos decretos publicados ontem pelo novo prefeito no Diário Oficial. Um deles cria um comitê para efetivar a municipalização de 16 UPAs estaduais até o fim de 2018.
Outro projeto a ser criado, em até 60 dias, visa a aumentar em 20% o número dos leitos nas unidades de saúde. Além disso, o governo pretende reforçar o atendimento por especialistas: um dos decretos determina a avaliação da contratação de ginecologistas e pediatras para trabalhar nas clínicas da família.
Crivella ordenou ainda a realização de uma auditoria sobre o critério de seleção das organizações sociais que atuam na saúde. Também determinou o desenvolvimento de um plano para implantar policlínicas. Outro decreto institui um estado de alerta contra a dengue, a zika e a chicungunha na cidade do Rio.
Além disso, durante uma campanha de doação de sangue no início do mês, o prefeito afirmou que a dívida dos planos de saúde com a prefeitura chega a R$ 500 milhões. O débito é referente ao não pagamento de Imposto Sobre Serviço (ISS). Crivella declarou que vai recorrer ao Ministério Público.
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