Grupo faz travessia da Agulha Guarischi ao Alto Mourão em highline


08 de Mar 2017 | 21h00 - O atleta de highline Allan Pinheiro faz a travessia sobre a Enseada do Bananal, em Itacoatiara, que levou uma semana de planejamento e contou com quatro homens na equipe, entre eles um escalador - Murilo Vargas




NITERÓI - Paz e adrenalina podem parecer sentimentos antogônicos, mas não para os niteroienses Allan Pinheiro, Guilherme Quacchia e o carioca Bruno da Rocha. Foi nas montanhas da Serra da Tiririca, entre Itacoatiara e Itaipuaçu, que eles encontraram o ambiente perfeito para comungar as sensações. Com uma fita de 2,5 centímetros de largura e 47 metros de comprimento, estendida sobre a Enseada do Bananal, entre a Agulha Guarischi e o Alto Mourão, eles fizeram no último dia 11 um highline de aproximadamente 330 metros de altura. O horário escolhido, entre o pôr do sol e o início da noite, e belíssima paisagem do local, “entregou” mais do que esperavam e, apesar dos anos de experiência no esporte, arrebatou os atletas.

— Já pratiquei highline em diversos estados do Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, mas nenhum outro é como esse. Ali ficamos em contato extremo com a natureza, bem próximo das nuvens e de pássaros. Poucas pessoas estiveram lá — comemora Allan Pinheiro, que tem sete anos de prática e vê ainda um significado especial para a façanha realizada em Niterói. — Andar no highline é um pequeno detalhe, o importante é a relação com os amigos e o contato com a natureza, o que faz o momento único. Ali, encontramos tudo isso.

O highline entre a Agulha Guarischi e o Alto Mourão foi feito pela primeira vez em 2010. De lá para cá, poucos ousaram enfrentar o desafio. No cair da noite foi a primeira vez. Chegar até o local não é tarefa fácil, tampouco fixar a fita nos dois pontos. A equipe formada por Allan, Bruno, o escalador Guilherme e o fotógrafo Murilo Vargas levou dois dias inteiros para prender toda estrutura (7 e 8/2). Somente três dias depois realizaram a travessia, carregando aproximadamente 30 quilos de equipamentos.





Sobre a Agulha Guarischi, Allan Pinheiro comemora a travessia - Murilo Vargas







— É preciso escalar a Agulha Guarisch e depois descer de rapel para fixar um dos lados. Só isso, demora um dia inteiro. Depois, ainda é preciso subir todo o (alto) Mourão pela trilha do museu (local onde ainda estão destroços do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que caiu no local em 2001) e realizar outra escalada até o cume para fazer a ancoragem. Tivemos a ajuda de um escalador profissional que nos ajudou muito — explica Pinheiro, alertando que a travessia é apenas para atletas experientes.

COMPLEXIDADE É O PRINCIPAL ESTÍMULO

Bruno, que também participou da aventura, considera justamente a dificuldade em realizar todo o processo de montagem o grande atrativo do highline. Ele pratica o esporte há seis anos e já elegeu a travessia entre a a Agulha Guarischi e o Alto Mourão uma de suas preferidas.

— Esse highline é muito especial pelo lugar que é lindo, com uma paisagem paradisíaca. Mas o highline é apenas a cereja do bolo, toda a dificuldade logística para montá-lo é o grande diferencial que o faz único — declara-se.

Como o esforço também é recompensado pela paisagem, a equipe que realizou o highline há 22 dias optou por um horário inusitado, fizeram a travessia próximo das 20h (ainda no horário de verão). A escolha revelou um pôr do sol deslumbrante: o céu de tonalidades alaranjadas se fundia, através de uma bruma, ao mar esverdeado de Itacoatiara. Ao longe, à esquerda, ainda dava para ver a silhueta das montanhas do Rio, com a Pedra da Gávea. O grupo já planeja repetir a aventura e, apesar de todo o arrebatamento da paisagem, não foi esse o motivo que os fizeram querer voltar.

— O que nos move mesmo ao desafio é a adrenalina — garante Allan.

Comentários

Postagens mais visitadas