Remédios estão em falta no Antonio Pedro


Parte das gavetas vazias na farmácia do Hospital Antonio Pedro: funcionário diz que faltam quimioterápicos, antibióticos e medicamentos para pacientes cardíacos - Divulgação 




NITERÓI - Principal unidade de saúde de Niterói, o Hospital Universitário Antonio Pedro está com parte de seu estoque de medicamentos desabastecida.
tivemos acesso a um levantamento interno do hospital que mostra 43 remédios em falta na farmácia, incluindo vários itens utilizados no tratamento de doenças graves. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF (Sintuff), que reúne os técnicos-administrativos da universidade, a escassez de insumos tem prejudicado o funcionamento do hospital, utilizado para a formação dos alunos de cursos da área de saúde, como Medicina e Enfermagem. De acordo com o levantamento, entre os medicamentos esgotados estão os quimioterápicos Zoladex e Gosserrelina, utilizados no tratamento de câncer.
Também faltam antibióticos e itens receitados para pacientes com problemas cardíacos e úlceras, entre outras doenças crônicas. Segundo uma fonte com acesso ao estoque, a falta dos medicamentos dipiridamol e persantin injetável provocou o cancelamento de exames no setor de medicina nuclear do hospital. O profissional, que pediu para não ser identificado, afirma que o abastecimento do Antonio Pedro, que já tinha problemas, piorou depois que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) — instituição criada pelo Ministério da Educação para assumir a gestão dos hospitais universitários — passou a controlar a unidade. — A situação piorou depois da Ebserh assumiu. Ela está aumentando o número de leitos no Antonio Pedro, mas faz isso sem rever o planejamento de compras dos medicamentos e de material médico-hospitalar — explica.
Coordenador administrativo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (Sintuff), Pedro Rosa diz que a falta de medicamentos tem colaborado para uma mudança no perfil de atendimentos prestados pelo Antonio Pedro. Segundo ele, o hospital — referência em diversas especialidades e conhecido pela excelência em tratamentos de alta complexidade — tem assumido uma função ambulatorial. — Este é um problema que está deixando uma marca negativa para o hospital.
A partir do momento em que não temos os medicamentos para tratarmos casos graves, o Antonio Pedro deixa de ser exercer seu papel de hospital-escola e passa a fazer apenas atendimentos ambulatoriais. Estão sendo privilegiados tratamentos simples, aqueles que as pessoas encontram nos postos de saúde, e não casos mais graves, que são o objetivo de uma unidade de ensino e pesquisa — afirma Rosa. Além da falta de medicamentos e insumos, o sindicalista denuncia a redução no quadro de profissionais que atuam no hospital.
  — De fato, o número de atendimentos foi ampliado enquanto o número de trabalhadores foi reduzido, aumentando muito o grau de demanda e a sobrecarga de trabalho, que influi diretamente no atendimento. O quadro do hospital está num caos total, os funcionários estão tendo surtos de estresse. A Ebserh aumenta o número de atendimentos para atender ao governo federal, mas, para isso, sacrifica os trabalhadores — critica. A direção do Hospital Universitário Antonio Pedro foi procurada para falar sobre as denúncias de escassez de medicamentos na unidade, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem. Em março, um laudo da Defensoria Pública da União e do Conselho Regional de Medicina mostrou que o atendimento no Antonio Pedro tem uma série de precariedades, sobretudo para os pacientes da oncologia.
Na vistoria, realizada em novembro de 2016, foram encontrados pacientes pelos corredores, problemas na realização de diversos exames e uma espera para o início de tratamento de câncer que passava de seis meses.

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