Após reunião com Crivella, Liesa diz que prefeitura avalia novo percentual de corte de recursos para carnaval


O presidente da Liga, Jorge Castanheira (de paletó azul marinho, ao centro) e diretores das escolas de samba do Grupo Especial, conversam no estacionamento da prefeitura após a reunião com Crivella - Márcia Foletto




RIO - O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, disse que o prefeito Marcelo Crivella vai estudar com sua equipe um novo percentual de redução da subvenção dada às escolas de samba para que o carnaval de 2018 não seja tão prejudicado. O prefeito se reuniu com os presidentes das escolas de samba do Grupo Especial na manhã desta quarta-feira.


 ‘Trouxemos nossas reivindicações para a prefeitura e a sua equipe em razão de o carnaval já ter iniciado para a gente, e as escolas já terem contratado todas as suas equipes’ - Jorge Castanheira Presidente da Liesa — O carnaval de 2018 está garantido. Foi um encontro cordial em que o prefeito e sua equipe se mostraram abertos.



Eles falaram e cada um dos presidentes também puderam falar sobre o drama que cada um de nós está passando no Brasil inteiro, a gente sabe disso. Dentro desse diálogo, dessa cordialidade, nós combinamos para a próxima segunda-feira uma nova reunião.



Trouxemos nossas reivindicações para a prefeitura e a sua equipe em razão de o carnaval já ter iniciado para a gente, e as escolas já terem contratado todas as suas equipes. Em razão disso, ele está avaliando junto com a Riotur qual modelo poderia ser sugerido para que o carnaval não deixasse de ter o mesmo impacto positivo para a cidade do Rio de Janeiro, o mesmo brilho e a mesma qualidade — contou Jorge Castanheira.  


 O presidente da Liesa disse que chegou a mostrar a Crivella um decreto da prefeitura do início do ano fixando uma meta de redução global de gastos de 25% como forma de economizar. Na época, o decreto determinou que os secretários e dirigentes da administração indireta deveriam avaliar a necessidade de manutenção de contratos e convênios, devido à necessidade de cortar gastos na prefeitura.



 Castanheira disse ainda que ficou acertado que o corte de 50% na subvenção deverá ser reavaliado.  - O prefeito foi muito receptivo, muito atencioso com todos. O corte geral da prefeitura, de todos os contratos, foi de 25%. Nós citamos esse exemplo para que pudesse chegar a um denominador que não atingisse de forma tão forte o carnaval e ele ficou de analisar junto com sua equipe e de nos dar uma resposta na próxima segunda-feira.


Esperamos uma reavaliação no percentual de corte e uma reavliação do modelo que a gente precisa para não deixar perder o brilho e a qualidade do espetáculo. O prefeito se mostrou sensível - comentou. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa da prefeitura, no entanto, há a ratificação do valor de R$ 1 milhão de subvenção a cada agremiação para o desfile de 2018.


Segundo a nota, o prefeito prometeu na reunião, que, ao contrário dos anos anteriores, fará o pagamento de forma antecipada, até o fim do ano. O prefeito também disse que vai se empenhar ao máximo para conseguir mais verbas com a iniciativa privada. — Vou lutar muito para conseguir os recursos para o carnaval.


Hoje demos o primeiro passo para um acordo. Fundamos o bloco ‘É conversando que a gente se entende’. Além do Marcelo Alves (presidente da Riotur), estão comigo para ajudar vocês pessoas como o Boni, Roberto Medina e Ricardo Amaral, todos interessados em encontrar uma solução — disse Crivella, que marcou uma nova reunião com a Liesa para a próxima segunda-feira.  



 Em outro evento, horas depois, na formatura da primeira turma do projeto Resgate, para inclusão de moradores de rua no mercado de trabalho, o prefeito disse que nada será anunciado antes da reunião da próxima semana. Ele ressaltou, no entanto, que "vai ter carnaval": — Todos os presidentes expuseram suas dificuldades. Chegamos a uma conclusão que teremos uma reunião na semana que vem.



Discutimos alguns projetos, mas não vamos anunciar nada enquanto não tiver uma conclusão. O importante é o seguinte: vai ter carnaval. É uma atividade importante para o Rio de Janeiro, há muita gente envolvida nesse trabalho, é tradicional. E claro, vocês sabem, há uma crise tremenda no Rio de Janeiro, e eu não posso comprometer recursos públicos, mas, se Deus quiser, vamos encontrar caminhos para resolver os problemas - afirmou o prefeito, acrescentando que não foram discutidos valores na reunião.



 Segundo Castanheira, outra ideia comentada na reunião é que, no futuro, as escolas possam ter também financiamento privado. Já está acertado que o preço dos ingressos será o mesmo deste ano. Segundo Jorge Castanheira, o prefeito não voltou atrás. Simplesmente abriu um canal para diálogo. — Não significa dizer com isso que ele (o prefeito) voltou atrás. Trata-se da primeira reunião que nós tivemos em conjunto com todas as escolas que estava sendo pedida e ele nos atendeu prontamente. Posso dizer que o carnaval sai satisfeito dessa reunião primeiro por ter sido atendido pelo prefeito com toda gentileza, com toda atenção com toda sua equipe.


O que acontece é que fomos pegos de surpresa no mês de junho, quando as escolas estão com todos os seus orçamentos definidos. Fazer um corte de 50% poderia enviabilizar o espetáculo — disse o presidente da Liesa.


 Na reunião, o prefeito lembrou que assumiu o compromisso de melhorar as condições do Sambódromo, como a substituição da iluminação para lâmpadas de led, a instalação de telões e reparos estruturais. Só com a reforma dos 36 banheiros coletivos e dos assentos das arquibancadas, por exemplo, o gasto da Prefeitura será de R$ 1,1 milhão, de acordo com o orçamento feito pela Riourbe, após vistoria realizada há 15 dias.



 No carnaval deste ano, a Prefeitura teve um gasto de R$ 19 milhões com toda a operação, além do pagamento de subvenção às escolas. Participaram do encontro representantes das 13 escolas de samba do grupo Especial: o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta , o presidente da Imperatriz Leopoldinense, Luizinho Drummond, da União da Ilha, Ney Filardis; da Portela, Luiz Carlos Magalhães; o vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco; o presidente da São Clemente, Renato Almeida Gomes; da Paraíso do Tuiuti, Renato Thor; do Salgueiro, Regina Celi; a vice da Império Serrano, Vera Lúcia Correa; o vice da Vila Isabel, Fernando Fernandes; o presidente da Mangueira, Chiquinho da Mangueira; Ricardo Abrãao; e o presidente da Grande Rio, Milton Perácio.



 A secretária Municipal de Fazenda, Maria Eduarda Gouvêa Berto, apresentou aos presidentes das escolas o desafio fiscal da atual gestão, que tem um déficit no orçamento de R$ 3,8 bilhões e a queda no nível de emprego no município. Logo em seguida, o presidente da Riotur, Marcelo Alves, exaltou o potencial comercial do carnaval e disse que tem três projetos para apresentar à Liesa.


Ele o comparou com o Rock in Rio, que fatura cerca de R$ 250 milhões e tem um lucro de R$ 100 milhões: — O desfile das escolas de samba precisa se atualizar num grande projeto de marketing. As grandes marcas querem estar no carnaval.



A festa na Sapucaí tem 10 vezes mais potencial de faturamento que o Rock in Rio. Temos que buscar juntos uma solução. Também participaram da reunião com a Liesa o presidente da Riotur, Marcelo Alves, o procurador geral do município, Maurício Martinez Toledo dos Santos, e a controladora geral do município, Márcia Andréa dos Santos Peres.

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