Iniciativas sustentáveis são replicadas em condomínios de Jacarepaguá


 Fernando Genoíno é funcionário do do Fazenda Passaredo - Zeca Gonçalves 



RIO — No início do mês, foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data é normalmente marcada por atividades e ações ecológicas pontuais. Mas há em Jacarepaguá aqueles que também dão tratamento especial à natureza o ano inteiro.



Compostagem, limpeza de rios, coleta seletiva, palestras de educação ambiental e até ligação ao sistema de esgoto da Cedae são algumas das iniciativas sustentáveis de condomínios da região. Há dez anos, sete moradores do Fazenda Passaredo, espaço de 83 mil metros quadrados onde vivem 1.300 pessoas, resolveram tomar uma atitude para combater a caça de animais como gambás e teiús e conscientizar os vizinhos a respeito do descarte correto de lixo.



O resultado foi a criação de um centro de meio ambiente. — Começamos fazendo a compostagem, porque víamos que tinha muito descarte de material toda semana. A caça de animais também era evidente. Muitos os capturavam para comer — explica a paisagista e técnica em meio ambiente Aparecida França, uma das fundadoras e coordenadora do centro.  Os trabalhos foram avançando e os resultados, aparecendo.



Pouco depois, um dos jardins do Passaredo foi recuperado. Atualmente, a principal atividade do centro é a compostagem. Os três funcionários que trabalham no local têm à disposição máquinas para triturar e peneirar o material orgânico.


A terra que sobra é colocada num minhocário. Por ano, são produzidas dez mil mudas, ou 16 toneladas, entre composto e húmus. — Nós vendemos tudo a preços módicos, na maioria das vezes para os próprios moradores.



 E todo o dinheiro é reinvestido aqui — afirma Aparecida. Após uma década de funcionamento, o centro continua inovando. Este ano foi criado um charco, para anfíbios. O objetivo é o controle dos mosquitos da dengue. 


— Estamos perdendo muitos anfíbios por causa da poluição do Rio Grande (que passa dentro do condomínio) — lamenta Aparecida. 

Valter Quaresma, administrador do Eldorado, em frente ao cano instalado - Zeca Gonçalves



 Outra vertente do centro da Fazenda Passaredo, que fica na Freguesia, é a educação ambiental. O condomínio tem uma parceria com o Parque da Pedra Branca, e frequentemente promove atividades, principalmente para as crianças. Em julho, haverá um grande evento, com aulas e exposições sobre ecologia.



Também ocorrerá uma caminhada com biólogos pela região. Para Magali Almeida, presidente da Associação de Moradores da Fazenda Passaredo e técnica em meio ambiente, as pequenas ações vão formando uma consciência ambiental que rapidamente traz resultados práticos. — Na academia de ginástica, por exemplo, eram usados oito mil copos plásticos por mês.



Hoje, cada um tem sua garrafa. São coisas das quais às vezes a gente nem se dá conta — explica Magali, que já viu uma mudança no comportamento dos moradores do condomínio por causa da divulgação do trabalho ambiental.



— Se o oceano fosse Jacarepaguá, nosso condomínio seria uma gota d'água. O importante é todo mundo fazer sua parte. No condomínio Eldorado, na Taquara, a sustentabilidade aliada à boa vizinhança é um dos trunfos da administração.



O residencial faz fronteira com a comunidade do Tirol, cujo saneamento básico era inadequado. A parte dos fundos da favela não era atendida por uma rede formal de esgoto, o que resultava em despejo in natura no rio que cruza o condomínio. Há três anos, o residencial instalou canos para captar o esgoto e fez sua ligação com a rede da Cedae. Hoje, 80% do esgoto passam pelo sistema.



 — O rio já estava poluído há muito tempo, mas vimos que a situação estava piorando; o cheiro era muito ruim, a água estava escura. Os pés de bambu nas margens estavam morrendo. Ainda falta finalizar o último ramal do sistema de captação — explica Valter Quaresma.



 Outra iniciativa do Eldorado, em parceria com moradores do Tirol, teve o objetivo de impedir o avanço de construções sobre a mata. O terreno que separa o condomínio da comunidade é uma área não edificante e protegida ambientalmente. Para mantê-lo assim, uma horta comunitária foi a solução. — Um morador da comunidade começou uma horta, e nós o incentivamos, oferecendo estrutura.



 Temos maracujá, cana, aipim, banana. A própria plantação ajuda a proteger a natureza — diz Quarema.  Florido.
O Fazenda Passaredo produz dez mil mudas por ano - Zeca Gonçalves





O Eldorado também faz compostagem. Por mês, são vendidos 50 sacos, cada um com 25 quilos. A ideia surgiu há dois anos, por sugestão dos próprios moradores, que queriam uma saída menos custosa, e mais ecológica, para o excesso de galhos espalhados pelo condomínio.



 Iniciativas como as do Fazenda Passaredo e do Eldorado são exemplos para que outros condomínios e instituições tomem atitudes semelhantes. Aparecida França diz que é muito procurada para falar sobre a experiência do residencial, mas, em muitos casos, os interessados não conseguem levar seus projetos a cabo por falta de recursos financeiros.


 No condomínio Mirante, no Pechincha, as boas intenções começam a gerar medidas concretas. A gerente Marilene Barbosa diz que há ideias para projetos de energia solar e de reutilização de água.



A coleta seletiva começou há poucos meses. — Sempre tivemos problema com lixo. Agora, com avisos nas lixeiras e trabalho de conscientização, a coisa está melhorando — comemora.

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