Carros conectados oferecem entretenimento e segurança aos motoristas
RIO — Muito se fala sobre os veículos autônomos, que Google, Apple, Uber e diversas montadoras estão desenvolvendo, mas para o futuro próximo, ou mesmo para o presente, a aposta é nos carros conectados.
Seja no entretenimento ou para ajudar os motoristas, esses sistemas prometem alterar radicalmente o cotidiano nas ruas e estradas, oferecendo mais conforto, segurança e, claro, comunicação.
— Por definição, o carro conectado é aquele que de alguma forma se conecta a outros dispositivos, seja com a internet pela rede celular ou a outros carros e antenas — explica o professor Luís Henrique Costa, coordenador do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ.
— Basicamente, existem duas grandes categorias: o infotainment (informação e entretenimento) e os sistemas de segurança e direção assistida. Os sistemas de infotainment são mais conhecidos do público.
Eles substituem o velho rádio, mas tocar música é apenas uma das possibilidades. Conectados à internet, eles oferecem informações e serviços.  — O carro é o dispositivo, como um smartphone — pontua Costa.
Bruna Guarda, supervisora de Veículos e Serviços Conectados da Ford, explica que o sistema desenvolvido pela companhia, já presente nos automóveis da marca, se conecta com smartphones Android ou iOS e permite que os motoristas e passageiros acessem aplicativos por meio de comando de voz.
Atualmente, existem 16 aplicativos disponíveis para o mercado brasileiro, que vão desde o Spotify, para ouvir música, a softwares que ajudam na localização de estacionamentos próximos ou que permitem pedir uma pizza no caminho para casa.
 — Os carros podem ser considerados suportes que integram softwares com soluções de conectividade para auxiliar o motorista ao volante e os passageiros do veículo — afirma Bruna.
EMPRESAS DE TECNOLOGIA DISPUTAM ESPAÇO
Não à toa, gigantes da tecnologia como Google, Apple e Microsoft correm para fechar parcerias com montadoras e oferecer aos motoristas seus sistemas operacionais.
Suas lojas virtuais de aplicativos para smartphones oferecem milhões de opções aos usuários e geram bilhões em receitas para as companhias.
Os carros prometem ser o próximo filão para esse negócio. Além do infotainment, os carros conectados oferecem soluções de segurança.
O trivial é permitir aos motoristas acessar serviços no smartphone por comando de voz, sem tirar o foco da estrada. Mas as possibilidades vão muito além disso.
— O nosso sistema oferece um assistente de emergência próprio, que em caso de acidente, transmite informações por uma chamada automática entre o carro e o serviço de emergência local, auxiliando o resgate mesmo que os ocupantes do veículo estejam inconscientes — exemplifica Bruna.
Veículos topo de linha, como os modelos da Tesla, já oferecem sistemas de direção assistida, que avisam o motorista sobre riscos de colisão e até mesmo assumem a direção em determinadas situações, como rodovias.
Mas o preço é proibitivo para a maioria da população. Pensando nisso, sistemas de baixo custo estão sendo desenvolvidos para serem instalados em automóveis convencionais. 
João Batista Pinto Neto, doutorando na Coppe/UFRJ, desenvolve um sistema de veículo conectado - DIVULGAÇÃO
SISTEMA É DESENVOLVIDO NA UFRJ
Um deles, batizado como Sistema de Posicionamento Cooperativo de Precisão, está sendo desenvolvido pelo brasileiro João Batista Pinto Neto, doutorando na Coppe/UFRJ. Em vez de caros sensores de distância, câmeras e radares, o projeto se baseia na conexão com outros veículos e antenas instaladas nas estradas.
— É um equipamento de baixo custo que atende às necessidades para sistemas de direção assistida — diz Pinto Neto. — Ele consegue localizar com precisão o carro dentro da pista, a movimentação e direção. Essas informações são compartilhadas com os outros carros dentro de uma área, podendo evitar colisões.
A ideia é que o sistema emita um alerta em situações de risco, mas é possível configurá-lo para assumir o controle do veículo em casos extremos, como na iminência de uma batida. O sistema também pode avisar o motorista sobre problemas na pista ou se a velocidade está acima da permitida.
A limitação para o aproveitamento de todo potencial desse sistema é que toda a frota deve estar conectada. — Quando todos os carros estiverem conectados, os problemas serão mais fáceis de serem resolvidos.
Existe uma aplicação sendo testada que é do cruzamento virtual. A frota conectada se organiza para não precisar mais de sinais de trânsito, o tráfego flui de forma mais eficiente — diz Costa, professor da Coppe/UFRJ. — Um problema que a gente vai ter é que nem todos os carros serão conectados. Vamos precisar de sistemas que convivam bem com os veículos convencionais.
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