Ex-presidente da CET-Rio vê mudança na atuação do Centro de Operações da Prefeitura do Rio como retrocesso


Centro de Operação e controle da prefeitura do Rio de Janerio - Domingos Peixoto


RIO - A ex-presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), Claudia Sessin, vê a mudança de perfil do Centro de Operações da Prefeitura do Rio (COR) como um retrocesso.


Na segunda-feira, a prefeitura anunciou a exoneração de Alexandre Cardeman, então chefe-executivo de Resiliência e Operações do COR. Em seu lugar entrou o comissário de Polícia Civil Marcos Landeira, então secretário executivo do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), criado pelo prefeito Marcelo Crivella para definir estratégias de prevenção e combate à criminalidade.



 A decisão, uma semana após o temporal que castigou a cidade, reforça o novo foco do COR: a segurança. — Eu estou enxergando nessa mudança de foco um retrocesso.


O COR virar uma central de monitoramento de segurança é uma redundância, sobretudo porque você tem a poucos metros de distância o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC). Em um momento de poucos recursos, a gente ter que ficar mudando o que já está pronto é ruim.



As propostas são completamente diferentes. O CICC tem como objetivo cuidar de segurança pública e também de grandes eventos, mas sempre com ênfase em segurança. Eu acho que não há necessidade de duplicar essa função — explica Claudia, que atuou entre 2009 e 2016, durante a gestão do ex-prefeito Eduardo Paes.



 O COR fica a 550m de distância do CICC, e surgiu em 2010, depois de um grande temporal que deixou mais de 300 mortos em todo o estado. O projeto foi inspirado em diversos centros de monitoramento que já existem em cidades como Nova York.  — Acho que a prefeitura tem suas funções primordiais, entre elas, o controle do trânsito.



 E, obviamente, isso vai perder espaço para a segurança, que é função do governo do estado. O COR foi idealizado por especialistas, não foi uma invenção do Eduardo Paes. O COR é uma repetição de modelo muito bem sucedido em várias capitais pelo mundo — diz a ex-presidente da CET-Rio.


 Na última quarta-feira, um dia depois do temporal que provocou inundações em 15 bairros do Rio, o secretário municipal de Ordem Pública, coronel Paulo Cesar Amêndola, a quem o COR está subordinado, afirmou que, apesar da mudança, o complexo de câmeras e informações pode ser redirecionado para enfrentar situações de crise, como os alagamentos enfrentados pela população durante o temporal.



Na ocasião, no entanto, em momento algum o COR classificou a situação como de crise, e na avaliação do secretário, era melhor não avisar para a população para 'evitar o pânico'. — Nós mudamos o foco do COR. O principal problema da cidade hoje é a segurança pública.



Direcionamos o trabalho para isso. O que não quer dizer que o centro de operações não seja estratégico para enfrentar situações de crise na cidade provocada por problemas como as chuvas.

Quando se tornar necessário, nós redirecionamos — afirmou o secretário.  Mas, segundo Claudia Sessin, que trabalhou na CET-Rio por 25 anos, apesar das câmeras próprias da prefeitura terem qualidade, elas estão instaladas com no mínimo seis metros de distância do chão, sendo assim, são câmeras de visão panorâmica ideais para monitorar o trânsito.


 Essas câmeras estão ali para mudar uma programação semafórica, poder acionar uma ambulância, corpo de bombeiros, juntamente com a equipe de rua. Ela não pode ficar ali toda hora no zoom, procurando arrastão, identificando uma perseguição de um carro suspeito, até porque existem ferramentas mais próprias para isso — defende Claudia.


 O Centro de Operações da Prefeitura do Rio funciona 24 horas, sete dias por semana, com representantes de 30 órgãos municipais e cerca de 500 funcionários. — Eu, como fui funcionária da CET-Rio por 25 anos, senti uma diferença muito grande desde que o COR passou a existir, porque passamos a utilizar ferramentas disponibilizadas por outros órgãos da prefeitura, que a gente não tinha antes.


Anteriormente cada órgão tinha um determinado equipamento e uma forma de atuar. Na hora que a gente juntou a ferramenta de todo mundo, conseguimos atuar melhor.Quando você ajuda o motorista, você ajuda a gente também (CET-Rio).


O que conseguimos com o COR foi a disseminação da informação. Na hora que você consegue passar para a população que vai haver um evento, vai ter interdição de rua ou que vai ter uma inversão de mão, você tem uma resposta e uma colaboração muito melhor e o trabalho da CET-Rio é muito facilitado — cita Claudia.


 Em nota, o Centro de Operações da Prefeitura nega a mudança de foco, e afirma que vai manter os mesmos serviços. De acordo com o comunicado, a ideia do novo chefe-executivo é " requalificar os protocolos de reação a emergências e elevar o nível do serviço, com acionamento cada vez mais ágil de respostas a problemas".


Confira a íntegra da nota:


 "A nova gestão do Centro de Operações Rio manterá exatamente os mesmos serviços que vem sendo prestados à cidade nos últimos seis anos. Algumas das prioridades do novo chefe-executivo do COR, Marcos Landeira, são requalificar os protocolos de reação a emergências e elevar o nível do serviço, com acionamento cada vez mais ágil de respostas a problemas.



Além dos serviços que são prestados (e que serão aprimorados) o COR terá novas funções, relacionadas ao ordenamento urbano e segurança pública. Uma destas iniciativas é o núcleo de vídeo-patrulhamento, que funciona no terceiro andar do COR, dedicado a monitorar com câmeras as regiões com altos índices de pequenos delitos para coibi-los, a partir do acionamento de equipes de campo.



O COR continuará a trabalhar de forma integrada com o CICC, assim como o fez nos últimos anos, tanto na operação da rotina da cidade quanto em grandes eventos como os Jogos Olímpicos Rio 2016", diz o texto.

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