Como o fim da 2ª passagem gratuita impacta na conta das empresas


 Foto: Félix Zucco / Agencia RBS


Determinado por decreto publicado na noite de quinta-feira (27), o fim da gratuidade na segunda passagem em Porto Alegre pode gerar uma economia de R$ 0,22 anuais na tarifa, informou nesta sexta-feira a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).



A medida foi adotada um dia depois de a prefeitura enviar à Câmara Municipal seis projetos de lei que preveem a redução de isenções, todas com o objetivo de tentar conter o aumento do preço da passagem. Publicidade  Para o próximo ano, no entanto, o impacto deve ser bem menor do que os R$ 0,22 estimados pela EPTC.



Como o decreto começa a valer em 30 dias, a economia na passagem de 2018 será proporcional ao tempo em que estará em vigor. Até o fim de dezembro, representará R$ 0,06. No total, mais de 50 mil usuários serão diretamente afetados pelas mudanças.



— O sistema se mantinha equilibrado com a meia passagem. Hoje está quebrado, porque não se adaptou (à gratuidade). E o número de passageiros não aumentou por causa dela. Tinha uma perspectiva de melhora que não se confirmou — disse o diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti.


 A estimativa inicial divulgada pela prefeitura na quinta-feira era de uma redução bem maior nos custos da tarifa: R$ 0,51. Mas esse cálculo não levava em conta o fato de que os 50 mil passageiros atingidos vão pagar apenas a metade da passagem, e não a tarifa cheia.



 A mudança é um retorno ao antigo sistema — as regras eram assim entre 2008 e 2011. O projeto não afetará os estudantes nem as linhas alimentadoras, que fazem a conexão de regiões com outras linhas e terminais (cujo nomes começam com A).



No entendimento da EPTC, há relação entre o benefício e a crise que estaria afetando as empresas de ônibus. Isso porque, segundo Soletti, o ano subsequente ao começo do benefício foi também o primeiro em que a Carris apresentou prejuízo: foram R$ 6 milhões de déficit.



Apesar da relação traçada pelo gestor, a EPTC não sabe informar o quanto do valor se deveria à segunda passagem grátis. O diretor-presidente do órgão também entende que a medida não cumpriu sua função, uma vez que não trouxe passageiros para o transporte público.



O número caiu todos os anos desde 2011: de 233 mil, passou para 191 mil no ano passado. A EPTC admite que a medida pode agravar a queda de passageiros no sistema, mas acredita que o impacto não deve ser negativo, uma vez que a maior parte dos passageiros que realizam a segunda viagem utilizam vale-transporte — e, portanto, a conta será paga pelos empresários.



Desertores em potencial, os usuários do Passe Antecipado, que adquirem o TRI por conta própria e não acumulam outros benefícios, representam 4% do total de usuários do sistema. Conforme a expectativa da EPTC, ainda que esse número caia pela metade, não deve trazer reflexos significativos.



Um dos principais vilões do aumento da passagem nos últimos anos, a queda do número de passageiros deve continuar no próximo ano. A expectativa é que o sistema perca 11,5% dos usuários em 2017, o que elevaria o valor da tarifa dos atuais R$ 4,05 para R$ 4,50.



Além das propostas mais drásticas para tentar frear o aumento, a EPTC aposta na melhora da qualidade do serviço para tentar reconquistar usuários. Segundo Soletti, a partir do segundo semestre, a frota deve começar a implantar novas tecnologias, como o reconhecimento facial e a instalação de câmeras e GPS nos veículos.



 Para que as melhorias não tenham impacto sobre o valor da tarifa no próximo ano, as empresas deverão viabilizar a instalação dos equipamentos através de um financiamento.



Como funciona hoje Em Porto Alegre, todos os passageiros que têm cartão TRI podem utilizar um segundo ônibus gratuitamente, até 30 minutos depois de desembarcar do primeiro coletivo.


Como funcionará Usuários do cartão TRI pagarão 50% da segunda passagem. Estudantes e usuários das linhas alimentadoras não serão afetados. Compartilhar:

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