Ceará foca em sustentabilidade para atrair investimentos

Bons ventos Potencial de crescimento de energia eólica no Ceará é de 40 vezes a produção atual de 1 700 MV (Bitenka/Getty Images)




Conhecido internacionalmente por suas praias paradisíacas e pela hospitalidade de seu povo, o Ceará quer se consolidar também como principal polo de negócios sustentáveis do Brasil. Para isso, o estado, que já figura entre os maiores geradores de energias renováveis do país, vem investindo fortemente em infraestrutura para o setor elétrico, como na construção de novas subestações e na ampliação de linhas de transmissão, com o objetivo de atrair novos investimentos para a região – sejam eles de companhias dispostas a entrar no mercado de geração ou de empresários em busca de energia limpa e barata.



  O Ceará conta atualmente com 61 parques eólicos ativos e outros 22 em construção. Até o fim de 2018, a geração de energia eólica deverá alcançar a marca de 2 100 MW, volume muito acima da demanda do estado, atualmente em torno de 1 700 MW. O potencial de crescimento da energia eólica na região, no entanto, impressiona.



De acordo com especialistas do setor elétrico, os ventos que sopram no Ceará têm capacidade para gerar até 90 000 MW, ou mais de 40 vezes a produção atual. Como o estado está literalmente na ponta do mapa do Brasil, é uma região onde o vento faz um redemoinho e impulsiona as turbinas com muita força.



 Outra vantagem é a incidência de ventos o ano todo. O fator de capacidade (relação entre produção efetiva e capacidade instalada) no estado chega a 67% em alguns meses do ano. Em países como Alemanha e Estados Unidos, a capacidade média varia entre 35% e 38%, segundo dados do governo.



 O governo federal promete realizar dois novos leilões de energia eólica até o fim de 2017, o que certamente atrairá novos investimentos para o Ceará. Os grandes projetos são financiados pelo BNDES e toda a energia gerada tem compra garantida por contrato.



 O Ceará dialoga sobre a possibilidade de instalação de novos parques eólicos com representantes do Ibama e do Ministério Público a fim de evitar problemas futuros de licenciamento ambiental.  Existem também inúmeras oportunidades para investidores menores no mercado livre de energia, eólica ou solar, em projetos de microgeração de até 5 MW.



 Nesse caso, a energia produzida pode ser vendida diretamente para os consumidores da região, residenciais ou pequenos comércios. Hoje, há isenção de ICMS para a microgeração no estado, o que reduz em até 33% o preço final da energia e contribui para a viabilidade dos novos projetos. Oportunidade no mar Outra frente de negócios promissora no Ceará é a pesca.



Com 560 quilômetros de costa e muita tradição jangadeira, o estado tem incentivado a pesca do atum em zonas oceânicas e busca se consolidar como principal produtor do peixe no Brasil. Atualmente, são quase 100 barcos dedicados à atividade e uma produção média de 1 000 toneladas por mês.



O objetivo, no entanto, é desenvolver toda a cadeia do atum, desde a capacitação dos pescadores, o manuseio dos produtos – já que o peixe começa a ser processado ainda no barco –, até a instalação de novos frigoríficos na região. A pesca da lagosta, outra tradição do estado, também está mais sustentável desde o lançamento do projeto Lagosta Viva, que estimula a entrega dos animais ainda vivos para as indústrias, que processam o produto de acordo com o desejo dos compradores.



Assim, o estado agrega valor à lagosta local e ainda restringe a pesca ilegal, lembrando que a captura do crustáceo é proibida entre dezembro e maio. Antes, o produto era entregue congelado, assim um contraventor podia pescar o ano todo e manter a mercadoria no freezer até o momento da liberação da pesca.


A expectativa da Secretaria da Pesca e Aquicultura do estado é aumentar as exportações do produto em 30% nos próximos dois anos, mas sem elevar o volume de lagosta pescada.

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