Conheça os museus da Mercedes e da Porsche

MUSEU DA MERCEDES-BENZ: um passeio pela história do automobilismo / Clara Tuma/ The New York Times


Quando saí do trem na estação Neckarpark, em Stuttgart, em direção ao Museu Mercedes-Benz, encontrei um grupo de alunos do ensino médio do Idaho que, de maneira simpática, resumiu os dois museus automotivos que haviam acabado de visitar.



 “O da Mercedes tem mais detalhes e mais história; o da Porsche é mais sobre os Porsches e sua história como carros de corrida”, me explicou um deles. Pronto, fez o meu trabalho. Stuttgart é o lar dessas duas marcas de luxo, e como um sujeito que gosta de carros e trabalha como jornalista automotivo, sempre quis fazer a peregrinação até lá.



A Alemanha não possui um centro geográfico para sua indústria de veículos como os Estados Unidos tem Detroit. No entanto, desde que os fundadores das montadoras começaram a trabalhar na cidade, no século XIX, ela é o mais próximo que o país chega de ter um. 


Tinha ouvido que o Museu da Mercedes-Benz oferecia uma ampla história do transporte; também sabia que Stuttgart era o lugar para os maníacos por Porsches. Consegui uma desculpa para visitar a cidade quando minha filha, Marian, se mudou para Düsseldorf, a uma curta viagem de trem de distância.



 Minha primeira parada foi no museu da Mercedes, que apresenta um passeio pelo nascimento do automóvel. É uma história que a empresa tem permissão para contar porque um dos fundadores, Karl Benz, é tido como o criador do primeiro carro, e seu outro fundador, Gottlieb Daimler, não estava muito atrás. Antes de entrar, porém, fiquei impressionado com o prédio.



 É uma hélice dupla desenhada pelos arquitetos holandeses do UNStudio e parece uma joia redonda na Mercedes Street. O museu abriu em 2006.



 Embora Henry Ford tenha tornado o automóvel popular com seu acessível Modelo T, no início do século XX, foi o engenheiro e inventor Benz quem começou tudo, em 1885, quando instalou o motor interno de combustão de quase um cavalo de potência que havia inventado em um buggy de três rodas.



 Com nove andares e mais de 16.400 metros quadrados de espaço de exibição, o prédio permite uma caminhada circular pela história da Mercedes, com a linha do tempo começando no andar mais alto. Ali, encontrei uma reprodução do primeiro carro e um Daimler real ao lado.



 Na verdade, foi um cavalo – outra reprodução, felizmente – que me cumprimentou quando comecei minha visita, no início da era do automóvel, época em que um cavalo de potência significava o que era anunciado.



 Para meus olhos cansados do século XXI, aqueles carros pareceram mais engenhocas do que meios de transporte úteis, mas os motores são evidências da verdadeira genialidade daqueles homens. À medida que a tecnologia melhorou, os motores de combustão interna fizeram o mundo se mover e rapidamente acabaram em ônibus, caminhões, barcos, aeronaves e tratores.



Um descendente deles está parado na sua garagem. Depois de alguns anos, os automóveis começaram a se parecer com carros atuais, em vez de carruagens puxadas por cavalos.



Ainda assim, a indústria usava tipos de carruagens para descrever os modelos, como “phaeton” (uma carruagem leve e aberta), “shootingbrake” (para esportistas e caçadores) e “cabriolet” (leve e coberta, puxada por apenas um cavalo).



 Mesmo “painel de instrumentos” é um termo que vem das carruagens, pois era o que separava o condutor da poeira da estrada.



 O museu pode parecer impressionante demais porque há muita história para apreender e vários carros lindos sobre os quais suspirar, como o 300SL Coupe 1955, conhecido como o Gullwing. Ali, é possível aprender que Mercedes era o nome da filha de um cliente importante, Mercédès Jellinek (o interessante é que o pai da moça, Emil, acabou mudando seu sobrenome para Jellinek-Mercedes), e que o logotipo da empresa, a estrela de três pontas, simboliza a terra, a água e o ar.



 Fui ao museu de trem, mas saí com uma imensa vontade de dirigir, de preferência algo da divisão AMG de desempenho, mas infelizmente não tive oportunidade. Fui até a concessionária no piso inferior, mas me disseram que os test-drives precisam ser agendados com uma semana de antecedência.



 Isso não é um problema no Museu Porsche, a 11 quilômetros de distância. O prédio, que fica sobre três colunas em V, é impressionante e parece flutuar acima do solo.



 Projetado pela Delugan Meissl Associated Architects de Viena, abriu em 2009. Representantes no saguão permitem que você dirija, digamos, um 911 por cerca de US$165 por hora, mas, atenção: é necessário deixar um depósito de US$3 mil.



 Não importa, veja o museu primeiro. É mais direto do que o da Mercedes, com tudo em um andar e no sótão. O espaço de exibição tem mais de 5.500 metros quadrados, e as peças estão bem espalhadas.



 É possível seguir o desenvolvimento dos modelos da Porsche, do projeto usado para o Fusca da Volkswagen, criado por Ferdinand Porsche, fundador da montadora, ao carro que define a empresa, o 911.



 Dá para perceber como o elegante carro de corrida Type 64, do final dos anos 1930, levou ao amado Porsche 356 e depois ao 911. E, por diversão, há uma área onde é possível apertar botões e ouvir os motores de vários carros, como o Panamera GTS. Também é impressionante a exibição de dezenas de troféus das 30 mil vitórias da empresa no automobilismo.




Se você ama a marca, especialmente sua história nas corridas, vai adorar esse museu. 



Museu da Porsche conta história de sucesso da marca em competições (Clara Tuma/ The New York Times)



“Os carros de corrida têm terra, sujeira e marcas reais das pistas. E todos ainda funcionam e participam de centenas de eventos no mundo todo, o ano inteiro”, escreveu Achim Stejskal, diretor do Museu Porsche e de Comunicações Históricas em um e-mail sobre algumas das exibições do museu.



 De modo algum perca a visita de duas horas à fábrica, do outro lado da rua. (É preciso reservar com um mês de antecedência.) Pude assistir aos trabalhadores fazendo esses carros esportivos de precisão à mão, com os 911, os 718 Cayman e os 718 Boxsters me provocando enquanto passavam pela linha de montagem.



 Meu grupo estava cheio de donos de Porsche que aprenderam por que seus automóveis custaram tão caro. Vários dos veículos construídos naquele dia estavam indo para a China e para os Estados Unidos.




 Presenciei a chegada de uma cadeia cinemática em um carrinho laranja sob um 718 Boxster para o que o guia chamou de casamento no chassi. Um trabalhador apertou um botão, e a cadeia cinemática subiu e se encaixou com precisão. Foi uma coisa bonita de se ver.



 Se Você For



 Museu Mercedes Benz, Mercedesstrasse 100, 70372 Stuttgart.

 De terça-feira a domingo, das 9h00 às 18h00

 Adultos: dez euros. Crianças de 15 a 17 anos: cinco euros.

Crianças até 14 anos: grátis.


 Museu Porsche, Porscheplatz 1 70435 Stuttgart-Zuffenhausen.

 De terça-feira a domingo, das 9h00 às 18h00

 Adultos: oito euros. Crianças até 14 anos acompanhadas de um adulto: grátis.

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