Montadoras elevam projeções para 2017 e reduzem pessoal afastado
Veículos: a projeção para o aumento das vendas de veículos novos no mercado interno subiu de 4 para 7,3 por cento (Germano Lüders/Revista EXAME)
São Paulo – A indústria de veículos do Brasil elevou na quarta-feira suas projeções de desempenho para este ano, depois de um mês de agosto em que as vendas no mercado interno foram as maiores desde o final de 2015 e as exportações no acumulado do ano atingiram recorde histórico.
 O setor teve vendas de 216,5 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no país em agosto, maior nível mensal desde dezembro de 2015 e crescimento de quase 18 por cento sobre um ano antes e de 17 por cento ante julho.
As exportações somaram 66.582 veículos, alta de 62 por cento sobre agosto do ano passado, acumulando no ano 506 mil unidades, maior nível desde o pico de 481 mil atingido no mesmo período de 2005.
Com o resultado acumulado até agosto, a entidade que representa as montadoras, Anfavea, elevou a estimativa de produção de veículos no Brasil em 2017 de alta de 21,5 por cento para expansão de 25,2 por cento, a 2,7 milhões de veículos, maior nível desde as 3,15 milhões de unidades de 2014. 
A projeção para o aumento das vendas de veículos novos no mercado interno, que tem encolhido há quatro anos seguidos, subiu de 4 para 7,3 por cento, a 2,2 milhões de veículos, maior patamar desde os 2,57 milhões de unidades de 2015. Já a previsão para o crescimento das exportações foi ajustada de 35,6 para 43,3 por cento, a 745 mil veículos.
Este volume, se alcançado, representará o maior nível de vendas externas do setor desde o recorde de 724 mil apurado em 2005, informou a Anfavea. “De janeiro a março, tínhamos apenas três Estados –Alagoas, Minas Gerais e Roraima — mostrando resultado positivo de vendas sobre o mesmo período do ano passado.
De janeiro a agosto, isso passou para 22 Estados”, disse o presidente da entidade, Antonio Megale, a jornalistas. “Cada vez um número maior de Estados tem mostrado crescimento dos emplacamentos sobre o ano anterior, o que mostra que o setor está se reforçando”, afirmou Megale.
Ele acrescentou que os números de vendas dos primeiros dias de setembro também têm se mostrado positivos como os de agosto, registrando média por dia útil de 9 mil unidades.
Conforme o presidente da Anfavea, entre julho e agosto, o número de funcionários de montadoras com algum tipo de restrição ao trabalho –layoffs ou incluído no Programa de Proteção ao Emprego (PSE)– caiu de 12,2 mil para 6,3 mil.
Além disso, o setor abriu 1.107 novos postos de trabalho no período, “o que mostra que as empresas estão incrementando sua produção”. Megale afirmou que a Anfavea está confiante que o setor conseguirá atingir as novas projeções divulgadas nesta quarta-feira, apesar da instabilidade política que pode recrudescer com eventuais novas denúncias a serem apresentadas pelo procurador-geral da república, Rodrigo Janot, até o fim de seu mandato em meados deste mês.
“Brasília tem trazido notícias todos os dias, mas está havendo descolamento da questão econômica da política (…) As projeções estão em linha com o crescimento dos últimos meses e agora temos a confiança de que esses números poderão ser atingidos”, disse o presidente da Anfavea.
Para 2018, acrescentou Megale, a expectativa da entidade é de que o crescimento do mercado interno poderá ser mantido, mas “a questão política nos deixa mais cautelosos”.
Ele afirmou que a oferta de crédito para os licenciamentos de veículos novos “melhorou um pouco” em agosto, mas ainda está muito baixa. Segundo ele, do total vendido no mês passado, cerca de 52 por cento foi por meio de financiamentos ante nível de 60 por cento considerado como normal para o setor.
“A redução da taxa Selic ainda não chegou totalmente na ponta (aos consumidores), mas está havendo uma migração. Temos a impressão de que temos oportunidade de crescimento do volume de financiamentos, algo que vai ser mais uma frente de crescimento da indústria”, afirmou o presidente da Anfavea.