Anúncio de parceria entre Rio e São Paulo na Saúde é marcado por protestos

 
O prefeito Marcelo Crivella abraça seu colega de São Paulo, João Doria Jr., durante cerimônia de acordo na área de saúde - Gabriel Paiva



 RIO - O anúncio de uma parceria entre as prefeituras do Rio e de São Paulo na área da saúde foi marcado por uma saia justa com um protesto de profissionais de Organizações Sociais.



 Ao término da fala do prefeito Marcelo Crivella, o presidente da Associação de Medicina da Saúde da Família e Comunidade, Moisés Nunes, perguntou, no salão do Palácio da Cidade, em Botafogo, sobre os salários atrasados dos funcionários da rede de Atenção Básica administradas por Organizações Sociais.




Crivella foi questionado pela imprensa pelo fato de o dinheiro liberado pela Fazenda ainda não ter caído nas contas das OSs, além das condições do Hospital Salgado Filho, no Méier, de superlotação, falta de insumos e de roupa hospitalar. Em resposta, Crivella disse que a prefeitura busca recursos para a construção de um Centro de Emergência Regional (CER) ao lado do Salgado Filho: - Todas essas dificuldades são reais, mas não nos levam a fechar as portas.



 Não é de agora que o Salgado Filho tem emergência lotada. Precisamos de um CER, que poderia ter sido feito ao invés de túneis, pontes estaiadas e ciclovias que caíram. Estou procurando recursos para isso (fazer um CER), mas encontrei a prefeitura com déficit de R$ 4 bilhões.  


 Funcionários da área de saúde interpelam o prefeito Crivella sobre o atraso dos salários - Gabriel de Paiva



O prefeito do Rio ainda prometeu pagar os atrasados dos funcionários de OSs nesta terça-feira: - Nove OS. Os salários atrasados somavam somavam R$ 36 milhões. A Fazendo liberou R$ 50 milhões na sexta-feira e, nesta segunda-feira, liquidamos os atrasos de quatro OSs, em um total de R$ 10 milhões.



As cinco que estão faltando serão liquidadas hoje, os outros R$ 26 milhões. Segundo o diretor do Hospital Salgado Filho, João Araújo, a unidade possuía 40 pacientes na emergência na manhã desta terça-feira, sendo 20 da Baixada Fluminense.



  Em outra saia justa, Crivella foi corrigido por funcionários de unidades de atenção básica enquanto exaltava o número de atendimentos nas unidades básicas de Saúde. - Nós atendemos, de janeiro a julho, 3,5 milhões de pacientes - afirmou Crivella, sendo corrigido pelos funcionários que gritaram "nós atendemos": - Vocês atenderam! O que é 25% a mais do que o ano passado.



Esse número vocês não podem permitir que o esquecimento da ingratidão venha a macular isso. Segundo Moisés Nunes, médico da Clínica da Família da Rocinha, administrada pela Organização Social Viva Rio, a perspectiva ainda é ruim para os profissionais da Saúde em unidades geridas por OSs: - A área da Penha e Santa Cruz estão com salários atrasados, sem perspectiva de salários.



Estamos aguardando que ele cumpra o que prometeu. Chegamos a ficar sem internet na clínica para outras coisas, sendo que fazemos pedidos de ambulância e exames pela internet. Chegou esse suporte financeiro, mas existem muitas pendências.




 COMPRAS A PARTIR DE DEZEMBRO




 O prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que as compras conjuntas de medicamentos começarão a ser feitas a partir de dezembro.



Durante o anúncio, os dois afirmaram que esse sistema representará uma economia de 20% aos cofres municipais, mas não mencionaram o valor bruto que será de fato economizado. - A partir de 1° de dezembro, o primeiro protocolo de compra de medicamentos, o primeiro lote.



Existem dois grupos de trabalho para as compras. Não se pode fazer grandes compras de um único produto, pois há data de validade, há protocolos - afirmou João Doria, negando na sequência que o ato no Rio seja um sinal da aliança para a eleição presidencial de 2018: - Nossa aliança é pela gestão e pelo coração, e não pela eleição.



Não sou pré-candidato a nada. A parceria entre os municípios prevê, também, a realização de Corujão da Saúde, com realização de exames e cirurgias no período da noite.



O anúncio ocorre justamente em um momento de crescimento da fila de espera na rede municipal de Saúde. No último dia 21, Mostramos que 244 mil pessoas aguardavam a um exame, consulta ou cirurgia na rede da prefeitura.



 O número é 80% maior que o registrado no início da gestão de Marcelo Crivella (dia 8 de janeiro), quando 134 mil pessoas aguardavam algum procedimento.



A prefeitura não divulgou, entretanto, quando o programa deve começar. Não há informações também sobre onde serão realizados esses procedimentos e os custos. Em troca, São Paulo levará a tecnologia do aplicativo de táxi desenvolvido no Rio para reaplicar na capital paulista.

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