Polícia desvenda esquema de fraudes no sistema Rio Rotativo que faturava R$ 200 mil por semana
 Polícia Encontrou dezenas de placas e mais de mil talões falsificados do sistema Rio Rotativo - Reprodução / TV Globo
RIO - Após uma investigação de quatro meses, a Polícia Civil do Rio desvendou um esquema de fraudes no sistema Rio Rotativo, responsável pela regulação dos estacionamentos em áreas públicas do município, que faturava cerca de R$ 200 mil por semana.
A fraude consistia na falsificação de placas e de talões de estacionamento para vender mais tíquetes. O esquema foi revelado em reportagem do "RJTV - 2ª Edição". Durante a investigação, a Polícia Civil descobriu que a quadrilha fazia diversas alterações no sistema.
Em Copacabana, na Zona Sul do Rio, uma placa falsa do Rio Rotativo informava aos motoristas que o tíquete de estacionamento era válido por duas horas e devia ser usado das 7h às 23h. Porém, a regra oficial determinava que o tíquete vale por até quantro horas, enquanto a cobrança deveria ser apenas até as 19h.
A fraude forçava os motoristas a comrar mais tíquetes para permanecer nas vagas. Segundo os investigadores, um dos sinais de falsificação estava no fato de que muitas placas falsificadas apareciam com a grafia em inglês da palavra tíquete, "ticket".
Em outros casos mais grosseiros, placas tiveram o número 3 transformado em 9, tudo para aumentar o período de cobrança pelas vagas aos sábados, das 13h para as 19h. 
Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a Polícia Civil descobriu um depósito com pelo menos 40 placas adulteradas e mais de mil talões de estacionamento falsos.
Para o delegado Gabriel Ferrando, que coordena a investigação do esquema dirigentes do Sindicato dos Operadores de Tráfego e Guardadores de Veículos do Brasil (Sindotguave) tem participação ativa nas fraudes.
É essa a sigla que aparece nos uniformes de todos os guardadores encontrados em Copacabana. O Sindotguave é autorizado pela Secretaria municipal de Transportes para vender os tiquetes de estacionamento e lucra com isso.
O sindicato compra cada talão por R$ 20 e repassa aos supervisores por R$ 30. Estes, por sua vez, repassam um talão aos guardadores pelo valor de R$ 40.  - A gente sabe que Copacabana é um grande ponto de estacionamento de veículos e portanto é um local muito visado, muito disputado pela quadrilha - disse o delegado ao RJTV.
A Polícia revelou ainda que o Sindotguave ainda não possui cadastro no Ministério do Trabalho, o que o coloca em situação irregular. Ainda assim, o sindicato obteve com a Prefeitura do Rio benefícios que só poderiam ser concedidos a organizações regularizadas - como é o caso da venda de bilhetes de estacionamento por um valor abaixo do de mercado.
- A investigação revelou que toda a estrutura (do Sindotguave) estava muito longe de uma entidade sindical que não visa o lucro. Na verdade, o sindicato estava atuando com se fosse uma sociedade empresarial, pagando comissões a operadores, a supervisores, e auferindo lucro principalmente com essa fraude detectada - comentou Gabriel Ferrando.
O Ministério Público já denunciou cinco pessoas ligadas ao esquema fraudulento pelos crimes de estelionato, falsificação de documento público, dano ao patrimônio público e organização criminosa.
José Renato Brito Ramos, que seria o responsável pelo Sindotguave, e o gerente operacional Eduardo Lacerda Mendonça, tiveram prisão preventiva decretada e estão foragidos.
Em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, onde Eduardo Mendonça Mora, a polícia apreendeu um Porsche de valor estimado em R$ 140 mil e duas motocicletas. Os investigadores apontam que os bens foram adquiridos com o dinheiro oriundo das fraudes.
Comentários
Postar um comentário