Ex-funcionário denuncia falta de equipamentos de proteção em obras da Transoceânica

                   
Demissão. Diego e caminhão com água de reúso - Fabio Guimaraes



 NITERÓI - A utilização de águas de reúso em obras públicas é uma medida politicamente correta, adotada em conformidade à tendência sustentável de economizar água potável, principalmente em tempos de crise hídrica.



No entanto, um ex-funcionário das obras do Túnel Charitas-Cafubá alega estar com problema oftalmológico depois que água utilizada na obra caiu em seus olhos. Demitido após consulta médica, ele tem, inclusive, indicação cirúrgica.


 Diego Pereira Amorim conta que, na ocasião em que a água caiu nos seus olhos, há cerca de sete meses, estava usando todo o equipamento de proteção individual fornecido pelas empresas do Consórcio Transoceânica, mas os óculos que utilizava eram para proteger contra fragmentos e não respingos.


 Ele sentiu dores e coceira nos olhos, e procurou um médico, que receitou medicamentos. No dia seguinte, voltou a trabalhar e, dois dias depois, foi demitido. — Eu levei o comprovante de comparecimento ao médico e as receitas para a chefia e continuei a trabalhar normalmente.



Dois dias depois, me mandaram embora, sem explicação. O problema maior é que meus olhos não melhoraram. A situação piorou, e até hoje estou com a vista embaçada. Três meses depois, como os medicamentos não faziam efeito, me consultei no Hospital Antonio Pedro e recebi uma indicação para cirurgia.



Nunca nos avisaram para tomar cuidado com a água, mas, pelo cheiro forte de amônia, dava para perceber que era perigoso. Muitos colegas reclamavam de coceira no corpo, principalmente nas mãos — detalha.  A prefeitura informa que fiscaliza a obra e a entrega do projeto, mas alega que questões como essas são de responsabilidade da empresa contratante.


 O OUTRO LADO


 O Consórcio Transoceânica alega que não há relação enrte o acidente e seu desligamento. Veja a nota completa:


 "NOTA À IMPRENSA 


São Paulo, 16 de novembro de 2017 – O Consórcio Transoceânica Niterói esclarece que não há nenhuma relação entre o incidente narrado pelo Sr. Diego Pereira Amorim e o seu desligamento da função de ajudante na obra de finalização do túnel Charitas-Cafubá, em Niterói (RJ).



A empresa não encontrou em seus registros nenhum laudo ou menção à ocorrência no período de novembro de 2016 a abril de 2017 – período que ele prestou serviços. A água de reuso é empregada exclusivamente para lavar as ruas e fazer a umectação das vias no entorno do empreendimento, em linha com a premissa de redução do impacto socioambiental e preservação dos recursos naturais.



Transportadas em caminhões-pipa, ela apenas é liberada por mangueira a partir do acionamento de bomba feito exclusivamente pelo motorista do veículo. Apesar do uso restrito desse recurso, o contato com a água não é prejudicial à saúde humana.



Todos os funcionários são informados que a água não é apropriada para consumo ou para higienização pessoal. Importante ressaltar que a Constran atende rigorosamente às normas de segurança estipuladas pela legislação trabalhista e possui um sistema de gestão para identificar, avaliar e controlar os riscos oriundos às atividades.


Os equipamentos de EPI oferecidos pela construtora atendem à Norma Regulamentadora nº 6 (NR6), do Ministério do Trabalho, e são considerados apropriados ao trabalho executado no empreendimento.


 Embora não tenha sido comunicada de tal ocorrência do gênero, a empresa acrescenta que está à disposição do Sr. Diego Pereira Amorim para analisar a questão apresentada.



 ASSESSORIA DE IMPRENSA DO CONSÓRCIO TRANSOCEÂNICA NITERÓI"

Postagens mais visitadas