Passageiros sofrem com atrasos constantes de trens da SuperVia

Passageiros sofrem com atrasos constantes de trens da SuperVia - Domingos Peixoto 



 RIO - Um pedido oficial de desculpas de uma companhia ferroviária do Japão, na última terça-feira, chamou a atenção para a distância que separa o nosso sistema de transporte do serviço oferecido no país oriental.



 A empresa se desculpou com os passageiros porque o trem partiu 20 segundos antes do horário marcado da estação de Tóquio. Se a prática fosse adotada aqui no Rio, o porta-voz da companhia ficaria afônico pela quantidade de vezes que teria que vir a público fazer o mea-culpa.



 Em média, um em cada seis trens da SuperVia, concessionária do estado, atrasou, no primeiro semestre deste ano. O levantamento é da própria SuperVia. Das 136.830 viagens de oito ramais, 23.994 atrasaram, sendo 14.042 delas por furto de cabos, vandalismo e manutenções programadas. 



Já 9.952 atrasos foram não justificados, quando a culpa é falha operacional da concessionária. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à informação junto à Agência Reguladora de Transportes (Agetransp), que recebe as informações da SuperVia. Está claro que os usuários do estado podem morrer de inveja dos japoneses. - Aqui é uma bagunça.



 Hoje mesmo, peguei um que chegou dez minutos atrasado e muito cheio. Ninguém se importa. É a rotina - desabafa o ambulante Roberto Diniz, morador de Japeri, que pega trem para trabalhar na orla. O ramal Santa Cruz é o mais impontual. 



Sozinho, teve 7.676 atrasos no primeiro semestre, sendo 3.184 deles não justificados. Os atrasos por falha da concessionária chegaram a 17 por dia, em média. Moradora do bairro da Zona Oeste, Denise da Silva, de 66 anos, já se acostumou. 



Na sexta-feira, chegou atrasada a uma consulta médica, no Centro: - A consulta era às 8h, mas eu cheguei às 9h. E saí às 6h de casa. 



Os outros dois ramais mais afetados pelos atrasos são Japeri (4.866 atrasos, sendo 2.611 não justificados) e Belford Roxo (4.472, dos quais 307 não justificados). Para Eva Vider, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da UFRJ, o problema operacional é grave: - Cerca de 40% dos atrasos não são justificados. É um percentual muito elevado. 



Segundo a Agetransp, uma viagem é considerada atrasada se ultrapassar 5% do tempo de duração previsto. Ou seja, um trajeto de uma hora estará atrasado se for feito em uma hora e três minutos. A punição nem sempre é possível.



 Por contrato, a concessionária tem que atingir um índice de pontualidade de 83%. A SuperVia disse em nota que tem regularidade e pontualidade maiores do que os previstos no contrato de concessão. Alegou ainda que, para revitalizar o sistema ferroviário, está investindo R$ 2,1 bilhões.

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