Sem fiscalização de velocidade no túnel e no entorno, Cafubá tem rotina de acidentes
Cruzamento perigoso. Esquina da Avenida Sete com Rua Walter Madeira: à direita, o muro quebrado da casa em que um carro caiu, matando uma jovem de 18 anos - Fabio Guimarães
NITERÓI - Reduzindo a distância entre a Região Oceânica e a Zona Sul, a abertura do túnel Charitas-Cafubá, em operação há seis meses, aumentou consideravelmente a circulação de veículos nos bairros do entorno. Sem fiscalização de velocidade no novo acesso nem nas ruas da região, moradores do Cafubá e do condomínio Fazendinha reclamam dos impactos viários que os bairros vêm sentindo desde a abertura da galeria.
O temor da população é que acidentes graves, que já vêm acontecendo, aumentem com a chegada do verão, época em que o movimento em direção às praias é ainda maior.
Na madrugada de domingo passado, Bruna Vianna, de 18 anos, morreu após uma batida no cruzamento da Avenida Sete com a Rua Walter Madeira. Há 15 dias, um outra capotagem aconteceu dentro do túnel, no sentido Cafubá, porém sem vítimas fatais. Entre os moradores existe um consenso: não há respeito à sinalização nem aos limites de velocidade no bairro.
Morador da primeira casa junto à curva de saída do túnel no lado do Cafubá, o empresário Vinícius Nery sugere que a prefeitura considere medidas para reforçar a segurança viária, como a implantação de proteções nas calçadas para que carros que porventura saiam da pista não atinjam as casas — no acidente que matou Bruna, o veículo em que ela estava caiu no quintal de uma casa —, além da instalação de radares e redutores de velocidade.
— Dentro de casa, percebemos claramente carros fazendo a curva em alta velocidade, cantando pneu. Quando estou dirigindo não é diferente. Ninguém respeita os sinais de trânsito que vão desde a saída do túnel até o final da Avenida Sete. Há um total desrespeito à sinalização e aos limites de velocidade.
Recentemente, presenciei um capotamento dentro do túnel. Não estou reclamando da obra, porque foi positiva para desafogar o trânsito na cidade, mas é preciso que a prefeitura, agora, corrija alguns erros. Outro problema que nos atinge é a poluição sonora. Quanto maior a velocidade dos carros, mais barulho — diz Nery.
Vigilante de um posto de coleta da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin) que fica no cruzamento da Avenida Sete com Rua Walter Madeira, Silas Porto já presenciou diversos acidentes: — O trânsito aqui ficou muito mais intenso desde que que abriram o túnel. Até para atravessar a rua é difícil. Vira e mexe tem acidente nesse cruzamento.
IMPLANTAÇÃO DE RADARES
Presidente da Comissão de Acompanhamento e Estudos da Legislação de Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Niterói, a advogada Paola de Andrade Porto lembra que, um pouco antes da abertura do túnel, a prefeitura anunciou que a velocidade na via seria de 80km/h.
A partir de uma pressão popular, o município voltou atrás e reduziu o limite para 60km/h. No entanto, essa mudança não veio acompanhada de uma fiscalização adequada, já que não há radar algum em operação no túnel nem no bairro. — Ficamos muito felizes quando a prefeitura voltou atrás, rapidamente, com relação ao limite de velocidade.
Mas não colocou radares. Aí, as pessoas não obedecem. É obvio que, com o túnel, aumentou o impacto viário no Cafubá. A Região Oceânica tem cerca de 70 mil moradores e não são apenas eles que circulam por ali. A indicação para o bairro e para o túnel é a implantação de radares e redutores de velocidade; quebra-molas não são indicados.
Se não tomarem essas medidas, a tendência é que aconteçam mais mortes na região — argumenta a representante da OAB. Membro do coletivo Pedal Sonoro, Luis Araújo destaca que, sem fiscalização adequada, os ciclistas não estão seguros nas ciclovias da região: — Tem morador fazendo quebra-molas na marra.
Ruas que eram tranquilas, em função dessas mudanças, viraram pistas de corrida. A NitTrans (Niterói Transporte e Trânsito) vai lá, retira (os quebra-molas), mas não dá nenhuma solução.
Confirmando que não há radar algum em funcionamento na região, a NitTrans prevê que eles devem ser instalados até o fim do primeiro trimestre do ano que vem, ao fim do processo de licitação para contratação dos equipamentos.
Com relação à instalação de um redutor de velocidade próximo à lombada da esquina onde ocorreu o acidente fatal do fim de semana passado, a autarquia afirma avaliará a possibilidade de atender à sugestão
NITERÓI - Reduzindo a distância entre a Região Oceânica e a Zona Sul, a abertura do túnel Charitas-Cafubá, em operação há seis meses, aumentou consideravelmente a circulação de veículos nos bairros do entorno. Sem fiscalização de velocidade no novo acesso nem nas ruas da região, moradores do Cafubá e do condomínio Fazendinha reclamam dos impactos viários que os bairros vêm sentindo desde a abertura da galeria.
O temor da população é que acidentes graves, que já vêm acontecendo, aumentem com a chegada do verão, época em que o movimento em direção às praias é ainda maior.
Na madrugada de domingo passado, Bruna Vianna, de 18 anos, morreu após uma batida no cruzamento da Avenida Sete com a Rua Walter Madeira. Há 15 dias, um outra capotagem aconteceu dentro do túnel, no sentido Cafubá, porém sem vítimas fatais. Entre os moradores existe um consenso: não há respeito à sinalização nem aos limites de velocidade no bairro.
Morador da primeira casa junto à curva de saída do túnel no lado do Cafubá, o empresário Vinícius Nery sugere que a prefeitura considere medidas para reforçar a segurança viária, como a implantação de proteções nas calçadas para que carros que porventura saiam da pista não atinjam as casas — no acidente que matou Bruna, o veículo em que ela estava caiu no quintal de uma casa —, além da instalação de radares e redutores de velocidade.
— Dentro de casa, percebemos claramente carros fazendo a curva em alta velocidade, cantando pneu. Quando estou dirigindo não é diferente. Ninguém respeita os sinais de trânsito que vão desde a saída do túnel até o final da Avenida Sete. Há um total desrespeito à sinalização e aos limites de velocidade.
Recentemente, presenciei um capotamento dentro do túnel. Não estou reclamando da obra, porque foi positiva para desafogar o trânsito na cidade, mas é preciso que a prefeitura, agora, corrija alguns erros. Outro problema que nos atinge é a poluição sonora. Quanto maior a velocidade dos carros, mais barulho — diz Nery.
Vigilante de um posto de coleta da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin) que fica no cruzamento da Avenida Sete com Rua Walter Madeira, Silas Porto já presenciou diversos acidentes: — O trânsito aqui ficou muito mais intenso desde que que abriram o túnel. Até para atravessar a rua é difícil. Vira e mexe tem acidente nesse cruzamento.
IMPLANTAÇÃO DE RADARES
Presidente da Comissão de Acompanhamento e Estudos da Legislação de Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Niterói, a advogada Paola de Andrade Porto lembra que, um pouco antes da abertura do túnel, a prefeitura anunciou que a velocidade na via seria de 80km/h.
A partir de uma pressão popular, o município voltou atrás e reduziu o limite para 60km/h. No entanto, essa mudança não veio acompanhada de uma fiscalização adequada, já que não há radar algum em operação no túnel nem no bairro. — Ficamos muito felizes quando a prefeitura voltou atrás, rapidamente, com relação ao limite de velocidade.
Mas não colocou radares. Aí, as pessoas não obedecem. É obvio que, com o túnel, aumentou o impacto viário no Cafubá. A Região Oceânica tem cerca de 70 mil moradores e não são apenas eles que circulam por ali. A indicação para o bairro e para o túnel é a implantação de radares e redutores de velocidade; quebra-molas não são indicados.
Se não tomarem essas medidas, a tendência é que aconteçam mais mortes na região — argumenta a representante da OAB. Membro do coletivo Pedal Sonoro, Luis Araújo destaca que, sem fiscalização adequada, os ciclistas não estão seguros nas ciclovias da região: — Tem morador fazendo quebra-molas na marra.
Ruas que eram tranquilas, em função dessas mudanças, viraram pistas de corrida. A NitTrans (Niterói Transporte e Trânsito) vai lá, retira (os quebra-molas), mas não dá nenhuma solução.
Confirmando que não há radar algum em funcionamento na região, a NitTrans prevê que eles devem ser instalados até o fim do primeiro trimestre do ano que vem, ao fim do processo de licitação para contratação dos equipamentos.
Com relação à instalação de um redutor de velocidade próximo à lombada da esquina onde ocorreu o acidente fatal do fim de semana passado, a autarquia afirma avaliará a possibilidade de atender à sugestão