Construtora não cumpre promessa de duplicar via no Recreio e gera transtorno aos moradores

Mobilização. Lucio Oliveira (à esquerda), Carvalho, Coelho e Sobreiro, moradores dos condomínios da rua - Brenno Carvalho





RIO - A Rua Silvia Pozzano simboliza facetas da expansão imobiliária no Recreio. O que era apenas mato e terrenos baldios até poucos anos atrás, hoje é uma via, ainda que de pequena extensão, com cinco grandes condomínios e cerca de seis mil moradores estimados.



O aumento populacional, porém, não foi acompanhado de infraestrutura, e hoje os residentes reclamam, principalmente, da não duplicação da rua, o que era uma contrapartida obrigatória, mas não cumprida, da construtora Calper.



O saneamento básico precário e a falta de atenção do poder público são outros problemas. A rua fica depois do Canal do Cortado, próximo ao CFZ. Apesar de o primeiro condomínio na via — o American Village, de casas — ter uma década de existência, foi nos últimos anos que a rua ganhou mais construções.




 A expansão, inclusive, já migrou para a Avenida Tim Maia, paralela à Silvia Pozzano. Em 2015, no auge das obras,  noticiamos a reclamação de moradores em relação aos transtornos. A duplicação da rua é um problema antigo. Deveria ter sido feita pela Calper em contrapartida à construção do empreendimento Life, o maior da área.




Dois anos se passaram e não só as promessas não foram cumpridas como a construtora obteve licença para erguer um novo condomínio: o Wonderful, pronto há cerca de seis meses. — Não dá para entender como a prefeitura liberou o novo habite-se — afirma Mário Carvalho, coordenador operacional do Life e membro da Associação Recanto do Recreio, que reúne os condomínios da região.




— A Calper faz parte da nossa associação e eles já foram claros conosco em diversos momentos ao afirmar que não vão fazer a duplicação por falta de dinheiro. Precisamos que o poder público os pressione.



 Além de dialogar com a construtora, os moradores participaram, nos últimos anos, de reuniões com representantes da prefeitura, em especial subprefeitos e superintendentes, sem avanços.



Alex Sobreiro, um dos fundadores da associação, diz que algumas melhorias foram conquistadas, como iluminação e pavimentação, mas ainda há gargalos. — Precisamos de quebra-molas, porque os carros correm muito. Mas não tivemos retorno. E o esgoto vai direto para o valão, o canal está horrível — diz Sobreiro, que lembra como a região mudou nos últimos anos.



— Quando eu cheguei, só tinha o Life. Do outro lado era mato. Infelizmente, a prefeitura autorizou outras quatro obras ao mesmo tempo e ficou um caos. Com tantos prédios, a rua não tem vazão.



 Vala. Saneamento precário polui o canal da via, segundo moradores - Brenno Carvalho 





Para piorar, a impressão dos moradores é de que a prestação de serviços públicos de rotina caiu de nível. Marcelo Coelho, ex-síndico do Park Premium, diz que o 1746 não funciona mais. — Há muitos problemas.




A segurança é deficitária, tem trechos sem calçada, a varrição da Comlurb não é frequente. Só queremos ser colocados no mapa do Rio de Janeiro em termos de prestação de serviço — reclama. Enquanto isso, os moradores continuam se virando. Carvalho diz que o novo projeto da associação é voltado para a segurança privada.




 — Estamos conversando com os condomínios para tentar implantar. Infelizmente a prefeitura não vai fazer nada. Urbanização aqui só sai via contrapartidas.




Outra coisa grave é a ponte depois do CFZ, que está cedendo — diz Carvalho, acrescentando que, no que se refere ao esgoto, os condomínios têm estações próprias de tratamento.



 Procurada, a Secretaria municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação afirmou que a Calper, no início de 2017, alegou “falência” e entrou em recuperação judicial, paralisando as obras por alegar “insuficiência econômica”.




Segundo a pasta, por causa do acordo original, não havia recursos separados para a região, mas a prefeitura notificou a construtora e entrou com uma ação na Justiça. Em paralelo, as obras no local estão previstas no orçamento de 2018.




 A Calper não retornou as ligações. Já a Secretaria de Conservação e Meio Ambiente informou que fará o quebra-mola na rua nesse mês, e a Cedae confirmou que cada condomínio possui sua estação de tratamento de esgoto.

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