Rio Ônibus reconhece dificuldade para cobrir as linhas operadas pela São Silvestre

 

Redução na circulação da linha gera insatisfação de usuários: pegar ônibus é "questão de sorte" - Alexandre Cassiano/10-01-2016





RIO — O fim da circulação da empresa de ônibus Transportes São Silvestre, no final de dezembro, não apenas desencadeou contratempos para os passageiros que faziam uso das 20 linhas que circulavam entre a Zona Sul e o Centro como revelou ser a ponta do iceberg de problemas pelos quais o sistema rodoviário municipal vem passando.




  No Leblon, onde ficam os pontos finais de linhas como Troncal 2 (Jardim de Alah x Rodoviária — via Lapa), Troncal 6 (Jardim de Alah x Rodoviária — via Túnel Velho/ Túnel Santa Bárbara) e Troncal 10 (Jardim de Alah x Cruz Vermelha), um despachante informou que a quantidade de ônibus em circulação foi reduzida.



 — O Troncal 2, por exemplo, saía de dez em dez minutos. Agora é de hora em hora. É claro que os passageiros reclamam. E com razão — afirma ele, que preferiu não se identificar.  A publicitária Mariana Costa, que costuma pegar o Troncal 10 para ir à casa da mãe, no Jardim Botânico, sentiu a diminuição na quantidade de veículos.



 — Há cerca de uma semana fiquei quase uma hora esperando. Quando a condução chegou, questionei o motorista, que disse que, agora, era questão de sorte conseguir pegar um ônibus — lembra. O presidente do Rio Ônibus, Cláudio Callak, explica que as linhas atendidas pela São Silvestre foram assumidas pelo Consórcio Intersul, um dos quatro administrados pelo sindicato. Ele reconhece a dificuldade para cobrir todas as linhas da empresa.



  — Compartilho da insatisfação da população. Estamos fazendo um plano de contingência conforme previsto no contrato. Ou seja, é emergencial. Como muitas linhas eram sobrepostas, estamos tentando chegar a um ponto de equilíbrio, até para diminuir o numero de ônibus na Zona Sul — explica Callak.



 Ele diz que nos últimos seis meses a São Silvestre vinha rodando com apenas 60 veículos de uma frota de 180. Agora, afirma, o consórcio conseguiu colocar cem carros para rodar. — Óbvio que eles são retirados de outras linhas para cobrir as áreas que estão carentes. Sem falar que as vans ilegais, problema que estava controlado, estão voltando a circular e dominando alguns espaços que eram dos ônibus — diz Callak.



 Ele diz que o plano de contingência tem limitações devido aos impactos sofridos pelo setor com o congelamento da tarifa: o último reajuste foi em janeiro de 2016, o que teria impactado todo o sistema rodoviário. — É um desrespeito da prefeitura ao contrato de concessão assinado em 2010 e que vinha sendo cumprido desde então — diz Callak, afirmando que a tendência é de uma piora no cenário.



— A São Silvestre foi a segunda empresa de ônibus a parar de rodar no município do Rio no ano passado. A primeira foi a Transportes Santa Maria, em abril. As duas não estavam conseguindo pagar funcionários e fornecedores, além de custos com insumos essenciais, como o óleo diesel. — Já temos mais 12 empresas mapeadas passando pelas mesmas dificuldades.



É uma questão de tempo. Se o poder público não encarar com seriedade essa questão vai haver um colapso no sistema — afirma Callak. O presidente do Rio Ônibus lembrou da reunião realizada no dia 5 de dezembro entre o sindicato e a prefeitura, com a presença de Marcelo Crivella.



Na ocasião, o prefeito chegou a gravar um vídeo publicado em sua página pessoal informando que contrataria uma auditoria independente para fazer um estudo técnico e encontrar um ponto de equilíbrio para uma tarifa de ônibus justa. Como consequência, ofereceria melhores serviços para os quatro milhões de usuários e melhores condições aos 40 mil rodoviários das linhas municipais.



A previsão era que a PricewaterhouseCoopers (PWC), empresa escolhida para realizar o estudo, concluísse o trabalho de consultoria em seis semanas. “Somente após esse estudo, apresentaremos os resultados à Justiça para que a prefeitura possa definir uma tarifa”, disse o prefeito, na ocasião.



 Procurada pela equipe de reportagem, a prefeitura informou que a assinatura do contrato ainda não aconteceu, pois passa por trâmite burocrático. E que o prazo de seis semanas, mencionado na reunião no início de dezembro, será válido apenas a partir da assinatura do documento.

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