Plano de Mobilidade de Niterói prevê corredor para ônibus no Centro


Avenida Visconde do Rio Branco será reurbanizada: ônibus, carros e bicicletas andarão em pistas separadas - Analice Paron / Agência Infoconteúdo

NITERÓI — A prefeitura inicia, quarta-feira, a fase de consulta pública para a finalização do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS), que apontará as diretrizes para o desenvolvimento do setor nos próximos dez anos. Por meio do aplicativo Colab.re, a Secretaria municipal de Urbanismo e Mobilidade colherá, até 31 de agosto, informações de moradores tais como rotinas de deslocamentos e itinerários diários, para subsidiar a conclusão do estudo que será apresentado em setembro. O projeto prevê, entre outras intervenções, a implantação de uma ciclovia de 11 quilômetros em quase todo o trecho da orla, da Ponta d’Areia a Charitas, além da reurbanização da Avenida Visconde do Rio Branco, no Centro, com a implantação de corredores exclusivos para ônibus.

O modelo de corredor viário planejado para o Centro é o mesmo da Alameda São Boaventura, com pistas e pontos de paradas junto ao canteiro central, segregados das faixas destinadas a outros veículos. A previsão da prefeitura é iniciar as modificações na Visconde do Rio Branco no ano que vem. A prefeitura espera a conclusão do PMUS para tentar, junto ao governo estadual, reduzir o número de linhas vindas de outros municípios que passam pela Alameda.

REURBANIZAÇÃO NO CENTRO

O trecho a ser reurbanizado na Avenida Visconde do Rio Branco vai do entroncamento próximo ao Mercado São Pedro até o Plaza Shopping. Terá pistas e calçadas replanejadas, uma ciclovia e paisagismo projetado pelo escritório Burle Marx. O estacionamento ao lado da estação das Barcas será desativado. O secretário municipal de Urbanismo e Mobilidade, Renato Barandier, diz que a obra será financiada com recursos provenientes dos royalties do petróleo.

— Vamos implantar ali o conceito urbanístico de rua completa, com calçada, ciclovia, pista para carros, pistas segregadas e espaços adequados para bancas de jornais e cabines de serviços. Não vai ter mais estacionamento. Precisamos tornar aquela região mais aberta. O levantamento topográfico já está sendo feito. Em um mês e meio, apresentaremos o projeto executivo, com os custos da obra — anuncia Barandier.

A prefeitura inclui no escopo do Plano de Mobilidade o corredor da Transoceânica e o alargamento da Avenida Marquês do Paraná na saída do mergulhão. As duas obras têm previsão de conclusão para ainda este ano. Na intervenção no Centro, já em andamento, a prefeitura está pagando R$ 11,8 milhões por indenizações para desapropriar os imóveis que estão sendo demolidos. O planejamento inicial era acrescentar duas novas faixas à via, totalizando cinco pistas no sentido Icaraí, e implantar uma ciclovia junto à calçada, até a esquina com a Rua Miguel de Frias. O projeto, porém, será modificado.

— O canteiro central será reposicionado para a implantação de mais uma pista no sentido Centro, que passará a ter quatro faixas — anuncia Barandier.

A prefeitura planeja interligar a ciclovia que será construída na Visconde do Rio Branco à orla da Boa Viagem, através da Rua Coronel Tamarindo, no Gragoatá. A partir dali, o PMUS prevê a requalificação do traçado cicloviário de toda a orla das praias da baía até o Clube Naval, em Charitas, passando pela Estrada Froes.

O estudo de viabilidade do VLT, que vem sendo elaborado em cooperação com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e também constará do projeto, incluirá uma linha ligando o Centro ao Barreto. Antes, o projeto considerava apenas trecho do Centro até Charitas. O total de recursos necessários à implantação do plano será divulgado em setembro, discriminando os quantitativos destinados a cada projeto.

METADE DA POPULAÇÃO USA ÔNIBUS

Segundo a prefeitura, o PMUS trará o esboço de políticas de curto, médio e longo prazos para melhorar o transporte coletivo e aumentar o uso de bicicleta na próxima década. O diagnóstico elaborado para o estudo cruzou dados de contagens de veículos nas ruas, taxas de ocupação dos coletivos fornecidos pelas concessionárias e informações de origem e destino coletadas pelo Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDTU-RMRJ) feito pelo estado em 2013. Considerou ainda referências levantadas para o Plano Lerner, contratado pelo município no início dos anos 2000. Foi constatado que 44,8% dos niteroienses se locomovem diariamente de ônibus; 24,3%, de carro e moto; 26,9%, a pé; e 4%, de bicicleta. Respaldada pelo resultado do levantamento, que estará disponível de quarta-feira ao fim de agosto no site pmusniteroi.com.br, a Secretaria de Urbanismo e Mobilidade vai propor ações para diminuir o uso de carro.

O PMUS faz parte de um acordo de cooperação técnica firmado entre a prefeitura e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), que investiu US$ 100 mil. O projeto tem ainda apoio do Instituto de Políticas de Transportes e Desenvolvimento e da World Recources Institute.

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