Ciclovia na Praia da Macumba já tem rachaduras; moradores temem novo desmoronamento do calçadão



Em risco. Meio-fio da ciclovia despenca num trecho da Praia da Macumba - Gabriel de Paiva 

RIO - Parte do meio-fio da ciclovia que foi reconstruída pela prefeitura nas obras de recuperação do calçadão da Praia da Macumba, no Recreio, já cedeu num dos trechos que mais foram afetados por ressacas no ano passado. Moradores da região temem que aquela parte da orla volte a desmoronar como aconteceu em outubro de 2017.

— A ciclovia já estar cedendo é um indício da pressão do mar sobre a obra paliativa, que foi inaugurada em maio e custou R$ 14,5 milhões. Acende em nós, que vivemos tudo aquilo no ano passado, um sinal de alerta. Isso nos deixa apreensivos e ratifica a ideia de que é necessária uma obra definitiva aqui nesse trecho — afirmou a advogada Cristiane Fernandes, moradora do condomínio Sobre as Ondas.
Segundo outro morador do condomínio, o engenheiro civil Patrick Lumbreras, a força das ondas vem escavando a areia que fica por baixo da ciclovia. Ele disse que, como não tem a sustentação de estacas, o meio-fio da estrutura se soltou.
— No ano passado, com a ressaca, uma cratera de dois metros se abriu diante do nosso prédio. Se houver um novo episódio, não teremos como escapar de uma desvalorização do imóvel. Não pensava em vender meu apartamento, mas, hoje, já estou disposto a aceitar propostas — disse Lumbreras.
O corretor de imóveis Mauro Pimentel preferiu não pagar para ver. Há um mês, ele deixou o apartamento em que morava no número 6.530 da Estrada do Pontal e se mudou para um condomínio afastado da praia. O antigo edifício é próximo de onde, em junho, pouco mais de um mês após a conclusão das obras, parte da estrutura erguida pela prefeitura se desfez no mar. E, ontem, já era possível ver novas rachaduras no muro de contenção refeito.
— Essas rachaduras são um indício de que vai cair novamente. Aquilo ali foi uma obra malfeita, que custou caro e foi para apagar um incêndio. É um absurdo a prefeitura ter ignorado a análise feita pela Coppe — comentou Pimentel.
UMA SOLUÇÃO DEFINITIVA
O estudo a que o corretor se refere é um projeto elaborado há 20 anos pela instituição ligada à UFRJ, que daria uma solução definitiva para os problemas causados por ressacas na Praia da Macumba. Moradores já foram à Justiça cobrar a realização dessa obra. Professor do Departamento de Engenharia Costeira da Coppe/UFRJ e um dos autores da proposta, Paulo Rosman explica que é preciso construir um quebra-mar que impediria o deslocamento da areia. A solução prevê ainda o depósito de mais 600 mil metros cúbicos de areia na praia. O custo estimado é de R$ 40 milhões a R$ 60 milhões.
— Em fevereiro, após solicitação, apresentamos à prefeitura proposta para atualizar os estudos. Em junho, o município solicitou revalidação da proposta, o que já fizemos. Mas, desde então, não fomos mais procurados — disse Rossman.
Em nota, a Secretaria municipal de Conservação e Meio Ambiente afirma que “o termo de referência para a contratação da Coppe/UFRJ, para revalidar o projeto da obra definitiva da Praia da Macumba, já foi publicado em Diário Oficial, e que uma licitação está em curso, para garantir mais transparência e lisura à contratação”. O pregão vai ocorrer mês que vem. O órgão diz ainda que “o meio-fio quebrado deve-se ao mau uso do calçadão”. Segundo a secretaria, “não fazia sentido estaquear e refazer todo o calçadão”, já que a obra é provisória e a estrutura pode ser atingida pelas ondas novamente.

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